domingo, 6 de março de 2011

LINK PARA BAIXAR - BESOURO

Baixar Filme - BESOURO
Ano de Lançamento: 2009


Sinopse: Bahia, década de 20. No interior os negros continuavam sendo tratados como escravos, apesar da abolição da escravatura ter ocorrido décadas antes. Entre eles está Manoel (Aílton Carmo), que quando criança foi apresentado à capoeira pelo Mestre Alípio (Macalé). O tutor tentou ensiná-lo não apenas os golpes da capoeira, mas também as virtudes da concentração e da justiça. A escolha pelo nome Besouro foi devido à identificação que Manuel teve com o inseto, que segundo suas características não deveria voar. Ao crescer Besouro recebe a função de defender seu povo, combatendo a opressão e o preconceito existentes.

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by. SONECA

quinta-feira, 3 de março de 2011

AULAS

Devido ao Feriado de Carnaval, os treinos serão suspensos
e só voltarão a partir do dia 12 de Março !
Qualquer dúvida :

engenhonovocapoeira@yahoo.com.br

AXÉ

MUNDO ENGANADOR

Oi vivemos aqui nessa terra
Lutando pra sobreviver
O Lugar onde poucos têm muito
E muito sem ter o que comer
Olhando isso eu fico triste
Me pergunto qual é a solução?
Estou feliz por ter a capoeira
Como forma de expressão
Capoeira é uma arte
E arte é obra de Deus

Nesta terra eu não tenho muito
Mas tudo que eu tenho foi Deus que me deu (CORO)

Eu tenho um canarinho cantador
Berimbau afinado e um cavalo chotão
E um carinho da morena faceira que me deu
Seu amor e o menino chorão
Ah! Meu Deus quando eu partir
Desse mundo enganador
Pra meu filho eu deixarei
Uma coisa de valor, é é é .

Não é dinheiro, não é ouro, não é prata.
É um berimbau maneiro que eu ganhei do meu avô. (CORO)


Ô, ô, ô, Meu berimbau que toca Iúna e benguela
Toca paz, e toca guerra e toca até chula de amor.

Não é dinheiro, não é ouro, não é prata.
É um berimbau maneiro que eu ganhei do meu avô. (CORO)


Ah! Meu Deus quando eu partir
Desse mundo enganador
Pra meu filho eu deixarei
Uma coisa de valor, é é é .

Não é dinheiro, não é ouro, não é prata.
É um berimbau maneiro que eu ganhei do meu avô. (CORO)



By. SONECA

MACULELÊ

Mestre Popó

 
Texto escrito a partir de entrevista cedida em 16/12/1968 à Maria Mutti por Mestre Popó em Santo Amaro da Purificação - BAHIA.
Segundo Mestre Popó, maculêle é luta e dança ao mesmo tempo, se um feitor aparecia na senzala anoite, pensava que era a maneira de adoração aos deuses das terras deles (dos negros escravos), as músicas não davam ao feitor entender o que eles cantavam.
A festa era realizada de 8 de dezembro (consagração de Nossa Senhora da Conceição) e 2 de fevereiro (dia de Yemanjá) em Santo Amaro da Purificação. Acontecia nas praças e nas ruas da cidade e era considerada uma festa ``profana'' realizada pelos negros escravos.


/Plaé, plaé /plaé, plaé, plaé / plaé, plaé/
em marcha guizada, a ``Marcha de Angola'', que tem algo de Capoeira e de Samba, tudo isso em Movimentos sempre ao compasso das batidas das grimas (bastões).

 
 
Quais os instrumentos apropriados?
Segundo Mestre Popó são 3 os atabaques usados no Maculêle, com as seguintes denominações e funções:
- o Rum: é o atabaque maior com som grave;
- o Rumpi: é o atabaque de tamanho médio com som "médio";
- o Lê: é o atabaque pequeno com sm mais agudo.
 
Os dois primeiros atabaques, o Rum e oRumpi, fazem a base do toque com pouco improviso, enquanto o atabaque Lê, sendo mais agudo,sua função é praticamente repiques de improviso. 
Segundo Mestre Popó os tocadores devem ser muito bons.
Essa organização dos atabaques do Maculêleé semelhante a organização dos berimbaus na capoeira Angola, onde temos:
-o Gunga ou Berra-Boi: é o berimbau mais grave;
-o Médio: é o berimbau de afinação;
-o Viola: é o berimbau mais agudo.
Os dois primeiros fazem a base do toque, mas agora o Médio também pode seguir um pouco no improviso, "desafiando" o Viola, que fica somente na improvisação.

 Na época de Mestre Popó eram usados outros instrumentos, que não são mais usados. São estes: o Agogô e o Caxixi ou Ganzá.

Na época de Mestre Popó eram usados outros instrumentos, que não são mais usados. São estes: o Agogô e o Caxixi ou Ganzá.
Para o Mestre, o Agogô não podia faltar pois este dá início a marcação para a entrada dos atabaques ao som, e por último entra (começa) o Ganzá.

 
 
E as músicas?

 
Segundo o Mestre Popó, o Maculelê tem poucos cânticos sendo alguns inclusive com origens no Candomblé de Caboclo.
Tumba é cabôco
Tumba lá e cá
Tumba é guerreiro
Tumba lá e cá
Ah! Eu sou cobra do morro
Sou cabôco Mineiro
Tumba lá e cá
As músicas tem funções especiais:
-para sair à rua;
-de chegada a uma casa: pediam permissão para entrar na casa;
-de homenagem: pessoas importantesda história;
-de agradecimento: quando saiam da casa, agradecendo a hospitalidade;
-de louvação: aos ancestrais;
-peditório: quando passavam um chapéu para arrecadar algum dinheiro;

Podemos citar algumas musicas que se enquadram neste esquema:
Musica de saudação temporal:
Ô boa noite pra quem é de boa noite
Ô bom dia pra quem é de bom dia
A benção meu papai a benção
Maculêle é o rei da valentia.

Homenagem à Princesa Isabel:
Vamos todos louva
A nossa nação brasileira
Viva a dona Isabel
Ai meu Deus
Que nos ?livrou do cativeiro?.
Peditório (ocorre nas saídas as ruas):
Deus que lhe dê, ê
Deus que lhe dá, á 
Lhe dê dinheiro
Como areia no mar.

Louvação aos pretos de Cabindas ou Louvor a Nossa senhora da Conceição:
Nos somos pretos da Cabinda de Aruanda
A Conceição viemos louvar
Aranda ê, ê, ê
Aranda ê, ê, á.
Fulô da Jurema, de influência indígena:
Você bebeu Jurema
Você se embriagou
Com a fulô do mesmo pau,
Vosmicê se levanto.
 
E a Indumentária e Pintura?
 
Na época de Popó a indumentária era simples, de acordo com as condições cotidianas dos dançarinos. Geralmente usavam camisas e calças comum aos africanos, dealgodão cru e pés descalços.
Estes pintavam os rostos e as partes desnudas com tintas feitas com restos de fuligem de carvão ou de fundo de panelas. Exageravam na tintura vermelha que usavam na boca que era feita com sementes de urucum. Algumas pessoas do grupo empoavam suas cabeleiras com farinha de trigo, usavam touca nas cabeças ou lenço no pescoço. 
Mestre Popó começou a aprender o Maculêle com um grupo de pretos velhos, ex-escravos Malês, livres. Segundo ele já não tinha mais escravidão nessa época e eles se reuniam à noite: João Oléa, Tia Jô e Zé do Brinquinho: "eles eram livres, mas quem botou o Maculêle fui eu mesmo" (Popó).
Segundo Plínio de Almeida (Pequena História do Maculêle) o Maculêle existe desde 1757 em Santo Amaro da Purificação e as cores branca e vermelha nos rostos, que assustavam as pessoas , poderia ser símbolos de algumas tribos Africanas, como por exemplo os Iorubas. Mas na verdade fica muito difícil identificar exatamente à qual grupo étnico está associado a origem do Maculêle. Podemos citar, por exemplo: os Cabindas, os Gêges, os Angolas os Moçambiques, os Congos, os Minas, os Cababas.
O objetivo deste trabalho é dar uma pequena visão do que é o Maculêle, e faz parte da linha ideológica do CEACA, a pesquisa para que possamos entender melhor os fundamentos da Capoeira sem dissociá-la da História e dos Movimentos sociais negros para sua independência
e defesa de sua cultura, criando um movimento de resistência que dura até hoje em alguns recantos do Brasil.


By. BABÃO

MADAME SATÃ


João Francisco dos Santos (Glória do Goitá, 25 de fevereiro de 1900Rio de Janeiro, 11 de abril de 1976), mais conhecido como Madame Satã, foi um transformista brasileiro, personagem emblemático da vida noturna e marginal do Rio de Janeiro na primeira metade do século XX.
Criado numa família de dezessete irmãos, João Francisco chegou a ser trocado, quando criança, por uma égua. Jovem, foi para Recife, onde viveu de bicos. Posteriormente, mudou-se para o Rio, indo morar no bairro da Lapa. Analfabeto, o melhor emprego que conseguiu foi o de carregador de marmitas. Mas há quem diga que foi cozinheiro de mão-cheia. Foram fatores de sua marginalização o fato de ser negro, pobre e homossexual.
Dotado de uma índole irônica e extrovertida, Santos logo pegou gosto pelo carnaval carioca. Foi assim que, em 1942, ao desfilar no bloco-de-rua Caçador de Veados, surgiu seu apelido. O transformista se apresentou com a fantasia Madame Satã, inspirada em filme homônimo de Cecil B. DeMille.
Era freqüentador assíduo do bairro da Lapa, (reduto carioca da malandragem e boemia na década de 1930), onde muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas. Cuidava que as meretrizes não fossem vítimas de estupro ou de agressão.
Foi preso várias vezes, chegando a ficar confinado ao presídio da Ilha Grande, agora em ruínas. Freqüentemente, Madame Satã enfrentava a polícia, sendo detido por desacato à autoridade. Exímio capoeirista, lutou por diversas vezes contra mais de um policial, geralmente em resposta a insultos que tivessem como alvo mendigos, prostitutas, travestis e negros.
É considerado uma referência na cultura marginal urbana do século XX.
Faleceu logo após a sua última saída da prisão, em abr/1976, morando em sua casa que hoje em dia é um camping.
No ano de 2002, foi rodado no Brasil um filme sobre sua vida, que leva o também o nome de Madame Satã, que recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Nesse filme, João Francisco dos Santos foi interpretado pelo ator Lázaro Ramos.

Rádio Madame Satã
Através de ações de abordagem e mobilização com crianças e jovens em situação de rua, surge em 2001 a rádio comunitária Madame Satã. Um grupo de educadores populares da organização carioca Excola realizava oficinas de rádio falante como metodologia pedagógica com crianças e jovens em situação de rua na Lapa. Os programas de rádio eram difundidos diretamente do espaço da rua.Posteriormente essa atividade foi incorporada pela Rádio Fundisom, que funcionava na Fundição Progresso com um programa chamado Madame Satã. Em 2001 com a positividade da iniciativa os jovens, juntamente com os educadores do Excola, resolvem fundar a rádio e difundir com seu próprio transmissor e antena. A partir daí foram 08 anos de programação ao vivo coordenada por Fábio Campos (DJ Mosca) e com a participação dos mais variados colaboradores. Tendo totalizado milhares de programas realizados, centenas de entrevistas, dezenas de participações em eventos, ações culturais nas ruas, festas...De 2008 até os dias de hoje, a Madame Satã encontra-se com suas atividades de FM suspensa, operando somente em caráter experimental. Mais informações sobre a rádio www.agenciamidialivre.org


By. BABÃO

quarta-feira, 2 de março de 2011

DOCUMENTÁRIO ( FIO DA NAVALHA) EXIBIDO PELA ESPN







Movido pela Capoeira

Eu sou movido pela Capoeira
Eu sou Movido pelo berimbau...

Na ladainha de Angola
Na quadra da Regional
No gingar do capoeira
No toque do berimbau
CORO
O mundo fica pequeno
quando a roda começa
expresso meu sentimento
deixo meu corpo falar
CORO
Ela é minha estrela guia
Oi é ela quem me leva
Peço a Deus e agradeço
por ter conhecido ela
CORO
Ela é a minha vida
Ela é quem me carrega
Ela é minha energia
Por isso eu levo ela
CORO
Comecei por brincadeira
Comecei sem emoção
Mas depois a capoeira
Conquistou meu coração
CORO
Eu escolhi a capoeira
Porque ela me escolheu
Olhei pra ela ela sorrindo
E no mesmo instante me acolheu..."
CORO

By. Soneca

UMA ARTE CHAMADA CAPOEIRA

A história da Capoeira confunde-se com a própria história do Brasil, pois é nela que vamos encontrar as primeiras manifestações. A Capoeira surgiu do negro cativo buscando sua identificação cultural frente ao sistema da escravidão em um ambiente adverso à sua aceitação junto à sociedade dominante. Há sessenta anos a capoeira ainda era considerada ilegal, reprimida pela polícia. Essa situação gerou um ambiente propício ao desenvolvimento da sua versatilidade.

A Capoeira é brincadeira, é um jeito de lutar jogando, rindo, dissimulando. Tem evoluído nos últimos cinqüenta anos, saiu das sendas da marginalidade e passou a ser praticada em academias, clubes e sua presença, obrigatória em espetáculos diversos.
Tratando-se de uma cultura popular, a transmissão de conhecimentos de geração em geração vem ocorrendo de forma verbal e através da própria realização da arte. Sua expressão popular faz parte do vasto e rico legado da cultura brasileira e contém elementos de educação, arte, luta, esporte, terapia, assim como dança, lazer, folclore, história, ginástica, etc.

A arte na Capoeira se faz presente através da música, do ritmo, do canto, da expressão corporal, da criatividade de movimentos e da presença cênica. A luta representa sua origem e sobrevivência através dos tempos na sua forma mais natural, como um instrumento de defesa pessoal genuinamente brasileiro, e uma estratégia de resistência ao aniquilamento de uma cultura. Como modalidade esportiva, ela possui elementos que se identificam culturalmente com seus praticantes, despertando o interesse da comunidade em geral. A sua prática, como forma de lazer e recreação, representa eventos conhecidos na comunidade como "rodas de capoeira", sendo evidente os seus efeitos terapêuticos em termos educacionais, ocupacionais e de reabilitação.
O fim do regime escravocrata não significou a aceitação imediata da comunidade negra na vida social. Ao contrário, vários aspectos da cultura afro-brasileira sofreram violenta repressão, como a capoeira. O caso da capoeira é o mais evidente: essa forma de rebeldia, que já havia sido utilizada como arma na luta de inúmeras fugas durante a escravidão, tornou-se um símbolo de resistência do negro a dominação. Assim o governo republicano, instaurado em 1889, deu continuidade a essa política e associou diretamente a capoeira a criminalidade, como consta no decreto 847 de 11 de outubro de 1890 com o titulo " Dos Vadios a Capoeiras". Artigo 402 - Fazer nas ruas os praças públicas exercícios de destreza corporal conhecido pela denominação de capoeiragem: pena de 2 a 6 meses de reclusão.

 É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta. Aos Chefes, ou cabeças, impor-se-á a pena em dobro.Passou o tempo e a capoeira é praticada hoje não só nas ruas, mas nas academias e escolas.


Instrumentos Musicais da Capoeira

O berimbau: é o instrumento que comanda a roda da capoeira . Ele é um instrumento de uma só corda composto por uma verga de madeira (Biriba) , um arame , uma cabaça , um caxixi (chocalho artesanal) , uma vaqueta e para emitir seus sons é utilizado uma pedra ou dobrão (moeda de cobre) . Normalmente são utilizados três berimbaus simultâneos na roda , um gunga ou berra-boi , um médio e um viola que possuem sons que vão tornando-se mais agudos gradativamente . O que dá diferentes nomes aos berimbaus é a diferença no tamanho de suas cabaças sendo que o viola possui a menor cabaça e o gunga a maior cabaça . Portanto a definição do tipo do berimbau que está sendo tocado depende diretamente dos outros berimbaus presentes na roda . O berimbau varia suas notas musicais através de uma maior ou menor pressão do dobrão no arame e de se encostar ou não a cabaça na barriga do tocador . O berimbau é segurado com o dedo mínimo por debaixo do barbante que prende a cabaça ao arame pela mão esquerda . O dobrão fica entre o polegar e o indicador desta mesma mão . Com a mão direita o tocador deve segurar o caxixi e e bater ritmicamente com a vaqueta contra o arame .


Atabaque:Instrumento muito antigo de origem oriental, presente entre os Persas e os Árabes e muito divulgado posteriormente na África.
Chegou ao Brasil introduzido pelos Portugueses para ser usado em festas e procissões de origem religiosas a princípio. Devido aos africanos já o conhecerem com o tempo outros tipos foram trazidos para nosso país chegando aos terreiros e posteriormente tornando-se um dos componentes do ritmo da roda de capoeira. É o principal instrumento de percussão da roda marcando o ritmo e facilitando a sincronia entre os três berimbaus.



Pandeiro:Utilizado na velha Índia e Península Ibérica na idade média em festas de bodas, casamentos e outras cerimônias religiosas. Foi introduzido no Brasil também pelos portugueses e utilizado posteriormente em rodas de samba e pelos negros na roda de capoeira, sendo um instrumento de percussão geralmente mais agudo que o atabaque.

Agogô:Foi introduzido no Brasil pelos africanos, sendo o termo agogô pertencente a língua nagô e significando "sino". É utilizado em folguedos populares, cerimônias religiosas Afro-Brasileiras e na capoeira. É um instrumento de ferro tocado com auxílio de uma vaqueta sendo hoje em dia o instrumento de percussão mais agudo da roda de capoeira, samba de roda e maculelê.

By. Soneca

O BERIMBAU


Estima-se que o berimbau tenha surgido por volta de 1500 A.C., e instrumentos derivados do arco foram encontrados nas mais diversas regiões do mundo, como no Novo México, na Patagônia, na África e em civilizações antigas, entre elas a egípcia, a fenícia, a hindu, a persa e a assíria. Porém, há registos do hungu da forma que conhecemos, desde tempos primitivos, em Angola.
Da África, o berimbau foi levado ao Brasil pelos escravos africanos, acabando por ser incorporado na prática da arte-marcial afro-brasileira conhecida como “capoeira”, na qual o som do berimbau comanda o ritmo dos movimentos do capoeirista. Contudo, no Brasil o instrumento acabou por se disseminando para outras manifestações culturais, como na música popular brasileira do guitarrista Baden Powell e do compositor Vinícius de Morais. Ainda, o instrumento faz parte da tradição brasileira do candomblé.
O berimbau é um elemento fundamental na capoeira, sendo reverenciado pelos capoeiristas antes de iniciarem um jogo. Alguns o consideram um instrumento sagrado. Ele comanda a roda de capoeira, dita o ritmo e o estilo de jogo. São dados nomes às variações de toques mais conhecidas, e quando se toca repetidamente um mesmo toque, diz-se que está jogando a capoeira daquele estilo. As variações mais comuns são "Angola" e "São Bento Grande".
Na capoeira, até três berimbaus podem ser tocados conjuntamente, cada um com uma função mais ou menos definida.
  • O gunga toca a linha grave, raramente com improvisações. O tocador de gunga no começo de uma roda de capoeira geralmente é seu líder, sendo seguido pelos outros instrumentos. O tocador principal do gunga geralmente também lidera a cantoria, além de convidar os jogadores ao "pé do berimbau"
  • o médio complementa o gunga. O diálogo entre o gunga e o médio caracteriza o toque. No toque São Bento Pequeno, o médio inverte a melodia do gunga, com alguma improvisação.
  • O viola toca a maioria das improvisações dentro do ritmo definido pelos outros dois. O tocador do violinha harmoniza e quebra para acentuar as músicas. Exige uma série de repiques.
Não há muitas regras formais no toque do berimbau na capoeira, sendo que cada mestre de roda determina a interação entre seus músicos. Alguns preferem todos os instrumentos em uníssono, ao passo que outros dividem os tocadores entre iniciantes e avançados, requerendo dos últimos variações mais complexas.
A afinação na capoeira é escarçamente definida. O berimbau é um instrumento microtonal, e pode ser afinado na mesma altura, variando apenas no timbre.

By. Soneca

terça-feira, 1 de março de 2011

MESTRE LEOPOLDINA


Mestre Leopoldina começou a aprender capoeira aos 18 anos, com o Quinzinho, um jovem malandro carioca, valente, temido e respeitado na região da Central do Brasil (RJ). Um ano depois, Quinzinho foi preso e assassinado na prisão. Leopoldina sumiu por uns tempos, e treinava sozinho, até que soube que Valdemar Santana, lutador bastante conhecido na época, trouxera da Bahia um capoeirista de nome Artur Emídio. Leopoldina foi apresentado a Artur, que o convidou para jogar. "Fui lá, meio envergonhado, e fiz aquilo que o finado Quinzinho tinha me ensinado. No começo a coisa correu bem, mas aos poucos Artur começou a crescer, e era pernada por tudo que era lado, e percebi que ele era mais fera ainda que o Quinzinho". Foi assim que Leopoldina, aprendiz da capoeira carioca, foi apresentado à capoeira baiana. Leopoldina continuou aprendendo com Mestre Artur Emídio, e hoje é Mestre consagrado, muito respeitado, tanto por seu jogo quanto pela habilidade com o berimbau, e por suas composições, admiradas e cantadas em todo o Brasil. É uma das maiores expressões da capoeira antiga, cheia de malandragem e mandinga. É dono de uma simpatia e um carisma enormes, e já cunhou frases pitorescas do repertório da capoeira, como esta, que nos foi revelada uma vez em Guaratinguetá: "a capoeira é a maçonaria da malandragem!".
Mestre Leopoldina se foi. Partiu em 17 de outubro de 2007, em São José dos Campos, São Paulo.
Dizia ter sido contramestre de Zumbi no Quilombo dos Palmares, amante da princesa Isabel e chefe da guarda negra. Alguém desmente?
Todos acreditam que ele  era uma entidade encarnada que curtia estar conosco, jogar capoeira e beber cerveja.
Aquela armada puladinha, aquele olhar pro outro lado... ele fazia a graça, mas você é que era o brinquedo dele.
Como disse o amigo Braun: "O Cais Dourado de Aruanda deve estar em festa até hoje, com ele jogando daquele jeito engraçado e cheio de malícia, todo na beca, com aquela gingada, saindo de rolê, parando em pé, olhando pro lado e soltando a benção, lembra?"
Claro. Nunca duvidei de que fosse eterno.

By. Soneca

MANDUCA DA PRAIA

Foi muito antes da abolição que os capoeiristas individualmente ou em maltas, perturbaram e aterrorizaram a sociedade carioca.

As maltas eram usadas indiscriminadamente em rixas de políticos de diferentes facções. Um capoeirista famoso conhecido por toda população do Rio de Janeiro foi o Manduca da Praia, homem de negócios, respondeu a 27 processos por ferimentos graves e leves, sendo absolvido em todos eles pela sua influência pessoal e de amigos.

Era pardo claro, alto, reforçado, usava barba grisalha. Sua figura inspirava temores para uns e confiança para outros. Vestia-se com decência, chapéu na cabeça, usava um relógio que era preso por uma corrente de ouro, casaco grosso e comprido que impressionava as pessoas com seu porte, usava como arma uma bengala de cana-da-índia e a ele deviam respeito.

Certa vez na festa da Penha brigou com um grupo de romeiros armados de pau, ao final da briga deixou alguns inutilizados e outros estendidos no chão, entre outras brigas e confusões. Ganhava bastante dinheiro, seu trabalho era uma banca de peixe que tinha no mercado, vivia com regalias e finais de semana saia para as noitadas.

Morador da Cidade Nova, era capoeira por conta e risco assim disse Nulo Moraes. Manduca não participava da capoeiragem local, não recebia influência nem visitava outras rodas, pode-se dizer que ele era um malandro nato. Manduca da Praia conquistou o título de valentão, subestimando touros bravos, que sobre os quais saltava quando era atacado.



By. Soneca

MESTRE JOÃO PEQUENO


Em 27 de dezembro 1917 nasceu em Araci no interior da Bahia João Pereira do Santos, filho de Maria Clemença de Jesus, ceramista e descendente de índio e de Maximiliano Pereira dos Santos cuja profissão era vaqueiro na Fazenda Vargem do Canto na Região de Queimadas. Aos quinze anos (em 1933) fugiu da seca a pé, indo até Alagoinhas seguindo depois para Mata de São João onde permaneceu dez anos e trabalhou na plantação de cana de açúcar como chamador de boi, então conheceu Juvêncio na Fazenda são Pedro, que era ferreiro e capoeirista, foi aí que conheceu a capoeira.
Aos 25 anos, mudou-se para Salvador, onde trabalhou como condutor (cobrador) de bondes e na construção civil
como servente de pedreiro, pedreiro, chegando a ser mestre de obras. Foi na construção civil que conheceu Cândido que lhe apresentou o mestre Barbosa que era um carregador do largo dois de julho, Barbosa dava os treinos, juntava um grupo de amigos e nos finais de semana ia nas rodas de
Cobrinha Verde no Chame-chame.
Inscreveu-se no Centro Esportivo de Capoeira Angola, que era uma congregação de capoeiristas coordenada pelo Mestre Pastinha.
Desde então, João Pereira passou a acompanhar o mestre Pastinha que logo ofereceu-lhe o cargo de treinel, isso foi por media de 1945, algum tempo depois João Pereira tornou-se então João Pequeno.
No final da década de sessenta quando Pastinha não podia mais ensinar passou a capoeira para João pequeno dizendo: “João, você toma conta disto, porque eu vou morrer mas morro somente o corpo, e em
espírito eu vivo, enquanto houver Capoeira o meu nome não desaparecerá”.
Na academia do Mestre Pastinha, João Pequeno ensinou capoeira a todos os outros grandes capoeiristas que dali se originaram e mais tarde tornaram-se grandes Mestres, entre eles João Grande, que tornou-se seu Grande parceiro de jogo, Morais e Curió.
Foi aconselhado pelo Mestre Pastinha a trabalhar menos e dedicar-se mais a capoeira. Embora pensasse que não passaria dos 50 anos percebeu que viveria bem mais ao completar tal idade.
Tendo que enfrentar a dureza da cidade grande João Pequeno também foi feirante, e carvoeiro chegou a ser conhecido como João do carvão, residiu no Garcia, e num barraco próximo ao Dique do Tororó.
Sua primeira esposa faleceu, mas, um tempo depois conheceu Dona Mãezinha no Pelourinho, nos tempos de ouro da academia de seu Pastinha, constituíram família, e com muito esforço construíram uma casa em fazenda Coutos, Lá no subúrbio, bem longe do Centro onde foram morar e receber visitas de capoeiristas de várias partes do mundo.
Para João Pequeno o capoeirista deve ser uma pessoa educada “uma boa arvore para dar bons frutos”. Para quem a capoeira é muito boa não só para o corpo que se mantém flexível e jovem, mas também para desenvolver a mente e até mesmo servir como terapia, alem de ser usada de várias formas, trabalhada como a terra, pode-se até tirar o alimento dela.
João Pequeno vê a capoeira como um processo de desenvolvimento do indivíduo, uma luta criada pelo fraco para enfrentar o forte, mas também uma dança, cuja qual ninguém deve machucar o par com quem dança, defende a idéia que o bom capoeirista sabe parar o pé para não machucar o adversário.
Algum tempo após a morte do mestre Pastinha, em 1981, o mestre João Pequeno reabre o Centro Esportivo de Capoeira Angola ( CECA ) no Forte Santo Antônio Alem do Carmo(1982), onde constitui a nova base de resistência, onde a capoeira angola despontaria-se para o mundo, embora encontrando várias dificuldades para manutenção de sua academia, conseguiu formar alguns mestres e um vasto numero de discípulos.
Na década de noventa houve várias tentativas por parte do governo do estado em desocupar o forte Santo Antônio para fins de reforma e modificação do uso do forte, paradoxalmente em um período também em que foi amplamente homenageado recebendo o titulo de cidadão da cidade de Salvador pela câmara municipal de vereadores, Doutor Honoris Causa pela universidade de Uberlândia, e Comendador de Cultura da República pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
”É uma doce pessoa” é o que afirmam todos que tem a oportunidade de conhecer o Mestre João Pequeno, cuja simplicidade, a espontaneidade e o carisma seduz a todos que vão até o Forte Santo Antonio conferir suas rodas, é um bricalhão, mas que também não deixa de dar uma baquetada nos que se exaltam e esquecem dos fundamentos da brincadeira e da dança.
A festa anual comemorativa de seu aniversário é um verdadeiro evento espontâneo da capoeira, onde se realiza uma grande roda,com a participação de vários mestres e membros da comunidade capoerana.
Alem de ser de impressionar a todos que tem a oportunidade de vê-lo jogar com a sua excelentíssima capoeira e mandigagem, João Pequeno destaca-se como educador na capoeira, uma autoridade maior na capoeiragem de seu tempo, um referencial de luta e de vida em defesa da nobre arte afrodescendente.
Bibliografia:
Santos, João Pereira dos. Mestre João Pequeno, Uma vida de Capoeira.
Em 1970, Mestre Pastinha assim se manifestou sobre ele e seu companheiro João Grande: “Eles serão os grandes capoeiras do futuro e para isso trabalhei e lutei com eles e por eles. Serão mestres mesmo, não professores de improviso, como existem por aí e que só servem para destruir nossa tradição que é tão bela.
A esses rapazes ensinei tudo o que sei, até mesmo o pulo do gato”.


By. Soneca

MESTRE JOÃO GRANDE

João Grande é um dos únicos dois grandes mestres vivos da antiga arte da Capoeira Angola, de acordo com Robert Farris Thompson, professor de Africano e Americano Africano de Estudos na Universidade de Yale. Capoeira combina música, dança, artes marciais, rituais e crenças em uma tradição que define os afro-brasileiros identidade cultural. Disse ter se originado no centro Africano de Angola, foi trazido ao Brasil por escravos, que depois adoptou muitas formas de Capoeira como meio de defesa e solidariedade. Capoeira é normalmente realizada por dois jogadores que dança e manobra no centro de uma roda (círculo) de músicos que cantam e tocam o berimbau, um arco-corda-como um instrumento.
João Oliveira dos Santos viajou de uma pequena aldeia no sul do estado da Bahia para Salvador, o coração da atividade de capoeira, para estudar com o grande Mestre Pastinha, que lhe deu o nome de João Grande (João Grandão). Após turnê pela Europa, África e Oriente Médio em trupes Capoeira e realizando nos Estados Unidos no National Black Arts Festival, ele se estabeleceu em Nova York em 1990 e fundou sua própria academia de capoeira, onde ele ensinou centenas de alunos e tem se tornado mestre reconhecido nos Estados Unidos.
 C. Daniel Dawson, professor de cultura Africana, diz da capoeira: "Essa arte antiga e os seus mestres ensinam uma forma de encontro de duras experiências, permanecendo flexível e receptivo, como resposta à violência social, com a evasão e de graça, e como usar o provações e tribulações da vida para desenvolver força física, força espiritual e sabedoria em nossos pensamentos e ações. Capoeira Angola é a sabedoria ancestral transmitida de forma que cada pessoa pode fazer o melhor de seu tempo e possibilidades, criando e produtiva vida equilibrada, acrescentando alguma beleza ao mundo. "

By. Soneca

BESOURO MANGANGÁ

Manoel Henrique Pereira (1897-1924), Besouro Mangangá ou Besouro Cordão de Ouro foi um lendário capoeirista da região de Santo Amaro, Bahia. Muitos e grandiosos feitos lhe são atribuidos. Diziam que não gostava da polícia (que diversas vezes frustou-se ao tentar prendê-lo), que tinha o "corpo fechado" e que balas e punhais não podiam feri-lo. Certa feita quando Besouro trabalhou numa usina, por não receber o ordenado, segurou o patrão pelo cavanhaque o obrigando a pagar o que lhe devia.

As circunstâncias da sua morte são contraditórias. Há versões de que foi num confronto com a polícia, outras de que foi na "trairagem", num ataque de faca pelas costas. Esta última é muito cantada e transmitida oralmente na capoeira. Um fazendeiro conhecido por Dr. Zeca, após seu filho Memeu apanhar de Besouro, armou uma cilada mandando-o entregar um bilhete a um amigo que administrava a fazendo Maracangalha. Tal bilhete pedia para que seu portador fosse morto. Besouro, analfabeto, não pôde ler que aquele bilhete era endereçado ao seu assassino e esclarecia que o portador era a vítima, assim no dia seguinte ao voltar para saber a resposta 40 soldados estavam esperando Besouro. Um homem conhecido por Eusébio de Quibaca acertou-lhe uma faca de tucum (ou ticum) - um tipo de madeira. Besouro teria sido, então, esfaqueado com a tal faca de tucum pelas costas.
 
Hoje, Besouro é conhecido como Cordão de Ouro, o exu das sete encruzilhadas. Está presente nos terreiros de Umbanda, onde incorpora em médiuns. Besouro, quando chega no terreiro, senta-se no chão em posição de lótus. Besouro, quando vem trabalhar, não gosta muito de conversar e gira nos seus protegidos calado.
 
By. Soneca

MESTRE CANJIQUINHA


Washington Bruno da Silva – Mestre Canjiquinha, nasceu a 25 de setembro de 1925, em Salvador. Discípulo do Mestre Raimundo Aberre, natural de Santo Amaro da Purificação, Canjiquinha foi um dos capoeiras que mais visibilidade deu a sua arte, viajando por todo o Brasil em exibições e também atuando em muitos filmes entre ao quais, Barlavento (Glauber Rocha) e O pagador de Promessas (Anselmo Duarte).
A partir dos anos 60, quando a capoeira se tornou mais conhecida e divulgada no Brasil, a figura do Mestre Canjiquinha ganhou maior relevo. Sua academia tornou-se uma das principais agências de formação de novos capoeiristas com
Mestre Paulo Dos Anjos, Geni, Lua – que se tornaram mestres de outros e contribuídores para a expansão da capoeira em outros paises. São os responsáveis pela continuidade da herança de Canjiquinha. A este a capoeira deve uma serie de invenções sendo as mais conhecidas aquelas que ele introduziu nos toques e jogos : Muzenza, Samango, Samba de Angola.
“Canjiquinha é um capoeira jovem e ágil, fazendo com que se destaque entre os seus companheiros, porém o seu maior destaque é no canto e no toque. Canta como bem poucos e com um repertório vastíssimo, inclusive com uma grande facilidade de improvisar e de todos é quem mais tem contribuído para a adaptação de outros cânticos do folclore, à capoeira”

Fuente capoeiranacao.org
“A Capoeira é alegria, é encanto, é segredo”
Washington Bruno da Silva, nasceu em Salvador (BA), filho de D. Amália Maria da Conceição. Aprendeu Capoeira com Antônio Raimundo – o legendário Mestre Aberrê. Iniciou-se na Capoeira em 1935, na Baixa do Tubo, no Matatu Pequeno. “No banheiro do finado Otaviano” (um banheiro público). Filho de lavadeira, Mestre Canjiquinha foi sapateiro, entregador de marmita, mecanógrafo. Dentre outras atividades foi também jogador de futebol (goleiro) do Ypiranga Esporte Clube, além de cantor de boleros nas noites soteropolitanas.
Foi um visionário da capoeira, dizia sempre aos seus alunos” A capoeira não tem credo, não tem cor, não tem bandeira, ela é do povo, vai correr o mundo”. Tinha uma característica toda própria de tocar o berimbau, instrumento que segurava com a mão direita e tocava com a vaqueta na mão esquerda, mantendo o berimbau a altura do peito. Canjiquinha na sua ascensão, mesmo não tendo sido aluno do Mestre Pastinha foi Contra Mestre na academia deste. Ao sair fundou, já como Mestre, a sua própria academia. ASS. De capoeira Canjiquinha e seus amigos, fundada em 22/05/52, por onde passaram grandes capoeiras, alguns dos quais hoje renomados Mestres: Manoel Pé de Bode, Antonio Diabo, Foca, Roberto Grande, Roberto Veneno, Roberto Macaco, Burro Inchado, Cristo Seco, Garrafão, Sibe, Alberto, Paulo Dedinho (conhecido hoje como Mestre Paulo Dos Anjos), Madame Geni (conhecido hoje como Geni Capoeira), Olhando Pra Lua (conhecido hoje como Lua Rasta), Brasília, Sapo, Peixinho Mine-saia, Papagaio, Satubinha, Vitos Careca, Cabeleira, Língua de Teiú, Urso, Bola de Sal, Boemia Tropical, Salta Moita, Melhoral, Lucidío, Bico de Bule, Bando, Dodô, Salomé, Mercedes, Palio, Cigana, Urubu de Botina, entre outros. Canjiquinha na sua academia jamais formou alunos, seguia a seguinte graduação: Aluno, Profissional, Contra Mestre, Mestre.
Participou também dos filmes “O Pagador de Promessas”, “Operação Tumulto”, “Capitães de areia”, “Barra Vento”, “Senhor dos Navegantes” e “A moça Daquela Hora”. Além de fotonovelas com Sílvio César e Leni Lyra. Fundou o Conjunto Folclórico Aberrê.

By; Soneca

MESTRE WALDEMAR


Mestre Waldemar, Waldemar Rodrigues da Paixão, mestre de capoeira baiano (Ilha de Maré, Bahia 1916 – Salvador, Bahia 1990) também conhecido como Waldemar da Liberdade ou Waldemar do Pero Vaz, dos nomes do bairro e da rua onde implantou sua capoeira.

A fama de Waldemar como capoeirista e mestre de capoeira aparece nos anos 1940. Ele implanta um barracão na invasão do Corta-Braço, futuro bairro da Liberdade, onde joga-se capoeira todos os domingos, também ensinando na Rampa do Mercado na Cidade Baixa. Fica conhecida a diversidade dos jogos que ele pratica, dos mais lentos aos mais combativos, com afirmada preferencia para os primeiros.

Durante os anos 50, a capoeira dele na Liberdade atrai acadêmicos, artistas e jornalistas. Os etnólogos Anthony Leeds em 1950 e Simone Dreyfus em 1955 gravam o som dos berimbaus. O esculpidor Mário Cravo e o pintor Carybé, também capoeiristas, freqüentam o barracão. Mais tarde, a maior parte dos capoeiristas de nome afirmam ter ido na capoeira de Waldemar, na de Mestre Cobrinha Verde no bairro de Nordeste de Amaralina et na de Mestre Bimba.

De acordo com Albano Marinho de Oliveira (1956), o grupo da Liberdade começou a cantar demorados solos antes do jogo (hoje chamados ladainhas). O próprio Waldemar revindicou, em depoimento a Kay Shaffer, ter inventado de pintar o berimbau. A fabricação e venda para os turistas de berimbau foi uma fonte de renda para mestre Waldemar.

Waldemar, como bom capoeirista, andou na sombra. Ficou discreto sobre suas atividades e breve em sua fala. Mal existem fotos dele antes de velho. Não procurou a fama e, apesar de seu notado talento de cantor e de tocador de berimbau, não integrou muito o mercado de espetáculo turístico. Também, a música que se escuta nas gravações de 1950 e 1955 é coletiva, sempre tendo, ao menos, um dialogo de dois berimbaus. Assim, Jorge Amado menciona Mestre Traíra, também da Liberdade, como assíduo visitante de Waldemar.

Velho e impossibilitado de jogar capoeira e de tocar berimbau pela doença de Parkinson, Waldemar ainda aproveitou um pouco do movimento de resgate das tradições dos anos 1980, cantando em diversas ocasiões e gravando CD com Mestre Canjiquinha.

Mestre Waldemar Da Paixão, da Liberdade, da Avenida Peixe, capoeirista conhecido pelos seus berimbaus coloridos e por sua voz inconfundível. Iniciou na capoeira com 20 anos de idade, em 1936, foi aluno de Canário Pardo, Periperi, Talabi, Siri de Mangue e Ricardo de Ilha de Maré. Começou a ensinar capoeira em 1940, na Estrada da Liberdade, no inicio era ao ar livre e depois passou para um barracão de palha que ele mesmo construiu. O local virou ponto de encontro dos capoeiristas baianos, e aos poucos a roda de mestre Waldemar foi se tornando muito famosa e todos os capoeiristas da Bahia iam lá jogar. No livro Bahia: imagens da terra e do povo, publicado em 1964, Odorico Tavares assim descreve uma roda de Waldemar no Domingo a tarde, no Corta Braço, na Estrada das Boiadas, destacando a qualidade do mestre como cantador: “Com os tocadores ao seu lado o mestre levanta a voz, iniciando o canto. Os jogadores, em número de dois, estão de cócoras, à sua frente. É lenta a toada que o mestre canta , como solista e já os capoeiristas acompanham-no em movimentos mais lentos ainda, como cobras que começam a mover-se: olhe o visitante atentamente, como aqueles homens nem ossos tivessem, seus membros parecem que recebem um impulso quase insensível, de dentro para fora.(…) Os homens não se tocam para defesa e ataques que se sucedem em imprevistos de segundos. É um milagres em que a violência de um ataque resulte em outro ataque, em que ninguém se toca, ninguém se fere, ninguém se agride. É combate, é baile que dura horas.”
Mestre Waldemar sempre procurou um bom convívio com todos os capoeiristas recebendo todos em seu barracão com muito respeito e também sendo muito respeitado. O seu reconhecimento com Mestre evitava conflitos provocados pelos chamados ‘valentões’. Sobre esses conflitos Waldemar nos conta: “Barulho eu nunca tive com ninguém, porque eu sempre fui respeitado, nunca ninguém me desafiou. Se me desafiava para jogar, Mestre que aparecia aqui, a minha cabeça resolvia.(…) Me respeitavam muito os meus alunos. E não tinha barulho, porque eu olhava para eles assim, eles vinha pro pé de mim e ninguém brigava.”
O canto e o toque de berimbau não eram suas única habilidades o mestre também era um exímio jogador de capoeira. Ele relembra: “Quando eu jogava, eu dizia: toque uma angola dobrada. É um por dentro do outro, passando, armando tesoura, se arriando todo. Parece que eu tô vendo eu jogar. Eu joguei muito.(…) Eu gostava de jogar lento, pra saber o que faço. Pelo meu canto você tira. Eu canto pra qualquer um menino desse jogar, e ele jogo sem defeito. Para os meus alunos eu digo que vou cantar e eles já sabem o que eu quero: são bento pequeno. É o primeiro toque meu. Para o outro tocador eu digo : ‘de cima para baixo’, e ele sabe que é são bento grande. Para viola eu digo: ‘repique’, e ele bota a viola pra chorar.”
Mestre Waldemar conta que no seu tempo, e nas suas aulas a capoeira era ensinada na roda, mas que também havia os dias de treino. “Eles jogavam e eu fazia sinal pra fazer tesoura, fazia sinal pra chibatear, fazia sinal pro outro abaixar. “

By. Soneca