terça-feira, 1 de março de 2011

MESTRE LEOPOLDINA


Mestre Leopoldina começou a aprender capoeira aos 18 anos, com o Quinzinho, um jovem malandro carioca, valente, temido e respeitado na região da Central do Brasil (RJ). Um ano depois, Quinzinho foi preso e assassinado na prisão. Leopoldina sumiu por uns tempos, e treinava sozinho, até que soube que Valdemar Santana, lutador bastante conhecido na época, trouxera da Bahia um capoeirista de nome Artur Emídio. Leopoldina foi apresentado a Artur, que o convidou para jogar. "Fui lá, meio envergonhado, e fiz aquilo que o finado Quinzinho tinha me ensinado. No começo a coisa correu bem, mas aos poucos Artur começou a crescer, e era pernada por tudo que era lado, e percebi que ele era mais fera ainda que o Quinzinho". Foi assim que Leopoldina, aprendiz da capoeira carioca, foi apresentado à capoeira baiana. Leopoldina continuou aprendendo com Mestre Artur Emídio, e hoje é Mestre consagrado, muito respeitado, tanto por seu jogo quanto pela habilidade com o berimbau, e por suas composições, admiradas e cantadas em todo o Brasil. É uma das maiores expressões da capoeira antiga, cheia de malandragem e mandinga. É dono de uma simpatia e um carisma enormes, e já cunhou frases pitorescas do repertório da capoeira, como esta, que nos foi revelada uma vez em Guaratinguetá: "a capoeira é a maçonaria da malandragem!".
Mestre Leopoldina se foi. Partiu em 17 de outubro de 2007, em São José dos Campos, São Paulo.
Dizia ter sido contramestre de Zumbi no Quilombo dos Palmares, amante da princesa Isabel e chefe da guarda negra. Alguém desmente?
Todos acreditam que ele  era uma entidade encarnada que curtia estar conosco, jogar capoeira e beber cerveja.
Aquela armada puladinha, aquele olhar pro outro lado... ele fazia a graça, mas você é que era o brinquedo dele.
Como disse o amigo Braun: "O Cais Dourado de Aruanda deve estar em festa até hoje, com ele jogando daquele jeito engraçado e cheio de malícia, todo na beca, com aquela gingada, saindo de rolê, parando em pé, olhando pro lado e soltando a benção, lembra?"
Claro. Nunca duvidei de que fosse eterno.

By. Soneca

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