quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

LESÕES TRAUMÁTICAS DURANTE A PRÁTICAS DA CAPOEIRA

Durante todo o período em que pratiquei a capoeira na antiga roda de Bimba e freqüentei aquelas de Valdemar e de Pastinha, não observei sequer um caso de lesão de articulação do joelho ou de coluna vertebral.
Atualmente venho tomando conhecimento de acidentes freqüentes comprometendo joelhos e coluna vertebral entre os praticantes da "regional".
Apesar da enorme difusão da capoeira e conseqüente aumento da população de praticantes, capaz, na opinião de alguns, de justificar o crescimento estatístico de acidentes e lesões esportivas, acredito que seja conveniente advertir os jovens iniciantes e sobretudo, os mestres e instrutores dos perigos envolvidos no estilo contemporâneo da regional, especialmente na capoeira acrobática.
Conhecendo a ocorrência lamentável de vários casos de acidentes fatais, sinto-me obrigado, na qualidade médico, ex-atleta, capoeirista, pai e sobretudo, de admirador irrestrito da juventude, a analisar as razões de tais fatos, vez que desconheço casos similares durante a prática da "angola".
Partindo da premissa de inexistência de acidentes tão graves durante o aprendizado e prática nas fases de criação e consolidação da regional ou seja, sob o controle direto de Bimba, responsável pela integridade física dos "meninos" da classe dominante de nossa terra, vejo-me conduzido logicamente à pesquisa de elementos desencadeantes entre as modificações implantadas no ritual, no sistema e no método de ensino pelos mestres contemporâneos.
Comparando as imagens que guardo, na memória e no coração, dos jogos que assisti e pratiquei durante minha juventude, descubro quatro diferenças fundamentais, que comentaremos a seguir:

·         Aceleração exagerada no ritmo e no andamento dos toques.
·         Modificação no gingado.
·         Ausência de movimentos de floreio.
·         Afastamento dos parceiros do jogo.
·         Expressão facial e dinâmica corporal dos participantes.
RITMO E ANDAMENTO
Entre outras modificações introduzidas hodiernamente na orquestra, musicas e cânticos, o abafamento do som do berimbau pelos uso inadequado do atabaque e do ruído pelo acompanhamento mal conduzido das palmas, a aceleração exagerada do andamento e do ritmo dos toques geram movimentos excessivamente rápidos, sem possibilidade de controle mental e de acompanhamento pelo parceiro. Cujos movimentos individuais, desordenados, descontrolados, não se encaixam, nem correspondem àqueles do companheiro e portanto são capazes de produzirem lesões no parceiro e/ou no próprio autor, principalmente nos joelhos e na coluna vertebral, sem falar nas conseqüências dos impactos diretos.
GINGADO
Durante o perído de criação da regional o gingado era curto (inclusive o de Bimba, lembra-me "Itapoan"), com balanceio do centro de gravidade do corpo humano (CGC) , localizado no interior da bacia, aproximadamente um pouco abaixo do umbigo, no meio da linha que une os pontos mais altos da crista ilíaca, sem deslocar o tronco para trás e mantendo a coluna vertebral aproximadamente na vertical que une os dois pés.
Bimba não admitia a fuga para trás, que elimina a possibilidade de contra-ataque imediato, aconselhando a esquiva em rotação ou giro lateral, desviando o corpo da linha de impacto do movimento de ataque, reduzindo a área exposta e criando a oportunidade para contra-atacar instantaneamente o flanco exposto do adversário.
O afastamento excessivo dos pés aumenta a carga estática nos pontos de apoio no solo pelo braço de alavanca criado pela maior distância entre estes. Basta lembrar que para aumentar a base os lutadores abem as pernas e baixam a bunda. Nesta posição entretanto é mais difícil o uso dos membros inferiores para o contra-ataque. Em caso do afastamento para trás, a inclinação do tronco para diante coloca todo o peso do corpo sobre o ponto de apoio anterior, impedindo o uso deste membro para ataque, por motivos óbvios; além de reduzir o espaço de movimentação da esquiva. A inclinação do tronco para trás desloca o peso para o ponto de apoio posterior forçado a flexão da perna sobre o pé, criando uma hiperextensão da massa muscular da face posterior da perna (do triceps sural), propiciando lesões do tendão de Aquiles. Enquanto o deslocamento do tronco para trás concentra o peso corpóreo no calcanhar do pé apoiado posteriormente produzindo uma extensão reflexa do joelho correspondente e da coluna vertebral, sobrecarregando a massa muscular posterior da perna, impedindo a mobilização rápida do membro de apoio posterior e a esquiva para trás, além de criar condições mecânicas a instalação de lesões mio-ligamento-articulares.

MOVIMENTOS DE FLOREIO
Os movimentos de floreio, além de desviarem a atenção do adversário e obrigá-lo a adotar posição adequada para o encaixe dos golpes de ataque, procuram manter uma permanente varredura das áreas e pontos fracos do praticante.
Em capoeira joga melhor quem engana mais!
O floreio é uma processo mentiroso, uma pantomima que esconde a verdadeira mensagem do simulador e procura conduzir o parceiro a um movimento falho, que permita o encaixe do movimento de subjugação ou vitoria do mais hábil.
Embora o floreio mais comum e mais rico seja praticado com os membros superiores., um bom capoeirista pode enganar com o olhar, com a expressão facial, com um grito, com a simulação duma dor ou duma fuga, duma falsa abertura na guarda, ad infinitum... aproveitando para embelezar a sua coreografia e mostrar suas habilidades aos presentes.
O floreio, ponto mais alto da exibição de habilidade, demonstra o domínio da técnica, da arte, do corpo e da mente... até daqueles do parceiro que se rende ao seu fascínio mágico, deixado-se enredar nas armadilhas coreográficas, paralisar pela incerteza do modo de proceder para corresponder ao inesperado e ao desconhecido!

DISTÂNCIA ENTRE OS PARCEIROS
O abuso dos golpes de mãos e cotovelos, a falta de flexibilidade de cintura, os ataques fora do comando do berimbau, o medo de ser atingido por um golpe (criado da falta de esquiva e do gingado defeituoso, ambos fruto da preocupação constante em soltar os golpes), obrigam ao afastamento do "lutadores" até uma distância aparentemente segura (julgada fora do alcance dos braços e pernas do oponente) e às fugas para trás. O afastamento maior entre os participantes leva aos passos largos e longos (de retorno ou de fuga) e impede o jogo de dentro, que só pode ser praticado a curta distância (dentro do alcance dos braços). Perde-se assim a oportunidade exercitar a defesa contra arma branca o emprego da mesma simultaneamente desaparece a chance da prática do abafamento (defesa contra saque de armas de qualquer natureza) e do emprego do floreio.
EXPRESSÃO FACIAL E DINÂMICA CORPORAL
Antigamente a expressão facial dos praticantes e da assistência era prazerosa, calma, sorridente, traduzindo júbilo, embriagues pela felicidade,... frutos do estado de espírito desenvolvidos pelo ritmo-melodia da orquestra e alegria dos cânticos, ao lado da confiança nos seus recursos de esquiva defesa.
Atualmente a face crispada, os punhos cerrados, a palidez e o suor frio do nervosismo ante a violência presuntiva da luta, manifestam a forte tensão mental e exaltação emocional. Medo? Agressividade? Apreensão? Em qualquer caso a avaliação é negativa. Perde-se o efeito da paz interior. Advém a hipertensão arterial, decorrente do desequilíbrio emocional, sobrecarrega os sistemas circulatório e nervoso.
Saltos, despropositados e desorientados no tempo e no espaço, acompanhados de torções, contorções, giros, deslocamentos, parafusos... propiciam desequilíbrios, quedas inesperadas e desprotegidas, luxações, fratura... alijando ou matando.
A modificação do gingado, o desaparecimento da esquiva, do floreio, das manobras táticas, da coreografia a dois, da parceria (desconfiada... porém confiante em si!) dá lugar à exibição de movimentos individuais despropositados, descoordenados, a ataques inoportunos, cegos, sem alvo, sem direção, sem finalidade de defesa ou contra-ataque. Aparentemente cada qual procurando se manter fora do alcance do outro, na expectativa do momento em que possa em aparente segurança, desencadear uma série de golpes rápidos, violentos e afastar-se imediatamente para uma distância em que não possa ser molestado.
As "tomadas" ou "compras" de jogo desautorizadas pelo arbitro, algumas vezes simultâneas (até de 3 ou 4 atletas!), apressadas, intempestivas, oferecem oportunidade para ser atingido involuntariamente ou alcançar um ou mais companheiros, na roda ou na assistência, como já vimos ocorrer


Autor :
A. A. Decanio Filho


postado  : Serginho

segunda-feira, 30 de maio de 2011

ALGUNS TRABALHOS E APRESENTAÇÕES 2010

 
Nós do CENTRO CULTURAL ENGENHO NOVO CAPOEIRA em algumas apresentações, rodas internas, e alguns outros eventos de 2010.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

RODA ABERTA DIA 29/05/2011

ASPECTOS FILOSÓFICOS DA CAPOEIRA

Muitos dizem que Capoeira não tem filosofia, que é alguma coisa solta, descomprometida. Outros ainda alegam que nasceu nas ruas e terreiros e não no oriente e por isto não possui qualquer base filosófica.

Nos anos setenta assistíamos na TV um seriado de nome Kung Fú, onde um jovem discípulo de apelido Gafanhoto, escutava atentamente as lições de seu Mestre, um velho cego, calvo de longas barbas brancas as lições do dia a dia.

Assim lá ia o Gafanhoto isolar-se na solidão de sua próprìa vida, para entender frases como. " O vento forte derruba a árvore grossa, mas a árvore fina resiste ao vendaval ", que após longa análise conseguia descobrir que " não se pode combater força contra força, mas sim que para se vencer qualquer força contrária é preciso ser,flexível".

A codificação filosófica do Jogo da Capoeira, é transmitida em verso e prosa, através de suas cantigas diretamente na roda, acompanhadas pelos sons dos instrumentos musicais, pelas palmas e respostas do coro dos que estão ali presentes ao redor, igualmente participantes e coesos, integrados na mesma manifestação cultural de modo que comungam-se todos os sentimentos das pessoas envolvidas naquele momento, como se estivessem num estado de graça, de contemplatividade, ou em outras palavras num transe coletivo.

Desta forma são transmitidos não só os postulados desta manifestação cultural, mas também um vastíssimo acervo de sabedoria popular, nascida da trajetória da humanidade, dos conhecimentos bíblicos e da experiência do quotidiano de época em época.



As letras das canções são compostas de frases ou palavras simples de imediato entendimento. mas também nelas são inseridas outras cujo teor não possue uma lógica aparente, e cujo entendimento não é revelado senão a raríssimos discipulos, reservando-se o segredo do sagrado a uma nata de discípulos que demonstraram plena capacidade de assimilar e transferir adequadamente tais conhecimentos. Pôr este aspecto, não tenho a menor duvida em poder qualificar a Capoeira também como uma arrojada doutrina esotérica.

Dependendo da estrutura literária, podemos ainda ter as seguintes classificações de cantigas:

A) LADAINHAS - Canções que obrigatoriamente começam com a expressão Iê (atenção) e que de um modo geral contam uma história que é escutada atenta e respeitosamente por todos os jogadores. Durante este cântico não se joga, apenas se concentra no ritmo, acumulando-se buscando se o Axé (energia vital).

B) CORRIDOS - São canções que não se iniciam com a palavra Iê, compostas de várias frases sem a preocupação com rima e métrica, durante a qual joga-se Capoeira.

C) QUADRAS - Do mesmo modo que na literatura formal, são canções com quatro frases cada estrofe.

D) CHULAS - São canções compostas de apenas uma frase que após ser cantada pelo puxador é imediatamente respondida pelo coro e assim por diante.

CAPOEIRISTAS DA BAIXADA

Mestre Sombra (Roberto Teles de Oliveira) nasceu a 06 de fevereiro de 1941, em Santa Rosa de Lima, Sergipe,
aos 7 anos de idade em sua terra de origem iniciou na capoeira. Aos 21 anos veio a baixada Santista,
logo começou a treinar em Vicente de Carvalho, com Olívio Bispo dos Santos, Mestre Bispo.
Em 1973, funda em Vicente de Carvalho, a Associação de Capoeira Zumbi, após dois anos (1975), inaugura
a primeira academia de capoeira de Santos, conhecida até os dias de hoje como Associação de Capoeira
Senzala. Mestre Sombra há vários anos participa de eventos no Brasil e no exterior, a convite de seus
formados que ministram aulas nos Estados Unidos, França, Inglaterra, Alemanha e Espanha.


Mestre Parada - (Fábio Parada), nasceu em 07 de agosto de 1956, na cidade de Santos; iniciou na capoeira aos 17 anos de idade em Vicente de Carvalho, foi o primeiro formado de Mestre Sombra. Inaugurou a Associação de Capoeira Movimentos em 02 de outubro de 1982. Divulgou a  capoeira no Japão nos anos de 1983 e 1986, e, participou de eventos nos estados Unidos. Formado em Educação Física e bacharel em Direito. Atualmente além de ter sua academia, ministra aulas na Faculdade de Educação Física.


By. Sérginho

CAPOEIRAS FAMOSOS

No Brasil, os grandes focos de capoeiristas sempre estiveram em Pernambuco, no Rio de Janeiro e na Bahia. Em Pernambuco, a imprensa da época gastou  colunas e mais colunas em torno das atividades delinqüentes dos que faziam uso do jogo da capoeira. De todos esses, o mais conhecido foi o famosos Nascimento Grande, de quem infelizmente não se tem maiores notícias.
No Rio de Janeiro, a imprensa local da época, livros de contos, romances, crônicas e histórias estão cheios das façanhas dos capoeiras. Melo de Moraes, que viveu na época dos grandes capoeiras, se refere a Mamede, Chico Carne-Seca, Quebra-côco, Natividade, Maneta, Aleixo Açougueiro e o terribilíssimo Manduca da Praia, por todos comentado. Sobre esse capoeira, a quem conheceu pessoalmente, diz Melo Moraes: “Conhecido por toda a população fluminense, considerado como homem de negócio, temido como capoeira célebre, eleitor crônico da freguesia de São José, respondeu por 27 processos por ferimentos leves e graves, saindo absolvido em todos eles pela sua influência pessoal e dos seus amigos”.  
Valente também foi um negro capoeirista conhecido por Ciríaco (Francisco da Silva Ciríaco), falecido no Rio de Janeiro a 19 de maio de 1912, que de certa feita no Pavilhão Pascoal Secreto, batendo-se com o campeão japonês de jiu-jitsu, Sada Maiko, de um só golpe de capoeira, derrotou-o por completo, ficando como um ídolo na memória do povo.
Na Bahia, a história dos grandes capoeiristas vive na imaginação popular e nas cantigas cantadas por eles, narrando as suas façanhas.
Dentre todos, o que permanece na memória dos capoeiristas, em virtude das suas atividades periculosas é Besouro (Manoel Henrique), também conhecido por Besouro Cordão de Ouro, Besouro Mangangá. Um dos seus discípulos aqui em Salvador, Cobrinha Verde (Rafael Alves França) informa ter sido ele filho de João Grosso e Maria Haifa, bem como discípulo do capoeirista escravo chamado Tio Alípio. O nome lhe veio da crença, de muitos que diziam que quando ele entrava em alguma embrulhada e o número de inimigos era grande demais, sendo impossível vence-los, então ele se transformava em besouro e saía voando. Certa vez estava sem trabalho e foi procurar um ganha pão. Foi à Usina Colônia, hoje Santa Elisa. Deram-lhe trabalho. Trabalhou uma semana.
Quando foi no dia do pagamento ele sabia que o patrão tinha o hábito de chamar o trabalhador uma vez, e na segunda dizia: “quebrou para São Caetano”, que quer dizer: não recebe mais; e se o fulano reclamasse era chicoteado e ficava preso no tronco de madeira com o pescoço, os braços e as pernas no tronco, por um dia e depois era mandado embora; no dia do pagamento, deixou que o patrão o chamasse duas vezes sem responder. O patrão disse: o seu quebrou para São Caetano. Todos receberam o dinheiro, menos Besouro.
Besouro invadiu então a casa do homem, pegou-lhe no cavanhaque e gritou: Pague o dinheiro de Besouro Cordão de Ouro! Paga ou não paga? O patrão, com a voz tremula, mandou que pagassem o dinheiro daquele homem e o mandassem embora. Besouro tomou o dinheiro e caminhou.
Passados uns tempos, depois de muitas brigas, Besouro foi empregar-se de vaqueiro na fazenda de um senhor de nome Dr. Zeca. Este homem tinha um filho de nome Meneu que era muito genioso. Ele teve uma discussão com Besouro. O fazendeiro tinha um amigo que era administrador da Usina de Maracangalha, de nome Baltazar. Besouro não sabia ler, então mandaram uma carta para o Baltazar, pelo próprio Besouro, pedindo ao administrador que desse fim dele por lá mesmo. Baltazar recebeu a carta, leu, e disse a Besouro que aguardasse a resposta até o dia seguinte. Besouro passou a noite por lá; no outro dia foi buscar a resposta. Quando chegou na porta foi cercado por uns 40 homens, que o iam matar. As balas nada lhe fizeram; um homem o feriu à traição, com uma faca de tucum (faca de difícil cicatrização ). Foi como o conseguiram matar.
Muito conhecido dos capoeiristas da Bahia foram Pedro Miniero, Chico da Barra, Antônio Maré, Zé Bom Pé, Sete Mortes, Aberrê, Hilário Chapeleiro, Doze Homens e Siri do Mangue. Pedro Porreta ficou como símbolo da desordem, da valentia. Samuel Querido de Deus foi um grande capoeirista, cuja lembrança permanece na memória de todos os baianos.
Canjiquinha (Washington Bruno da Silva)  nasceu em Salvador a 25 de setembro de 1925. Foi discípulo do famoso capoeirista Raimundo Aberrê, natural de Santo Amaro da Purificação. A respeito de seu apelido, explica que foi posto por um amigo seu de nome Dalton Barros, em 1938, devido ao samba-batuque de Roberto Martins, Canjiquinha quente, cantado por Carmem Miranda, o qual era a única coisa que sabia cantar e o fazia constantemente, por isso seu amigo tomou a iniciativa do apelido.
Foi um dos capoeiristas antigos mais convidado para exibições, viagens pelo interior e fora do estado, assim como o que mais atuou no cinema, em longa e curta metragens.
Gato (José Gabriel Goes) nasceu em Santo Amaro da Purificação, a 19 de março de 1929. Aprendeu desde criança a jogar capoeira com seu pai Eutíquio Lúcio Chagas, capoeirista famoso em Santo Amaro da Purificação. Foi um dos mestres de capoeira a integrar a delegação brasileira no Premier Festival
Internacional des Arts Negres, de Dakar.
Cobrinha Verde ( Rafael Alves Frabça );
Traíra (João Ramos do Nascimento );
Waldemar da Paixão, a sua fama corre paralela à de Mestre Pastinha e Mestre Bimba.
Possuía academia de capoeira na Estrada da Liberdade.
João Grande ( João Oliveira dos Santos), nascido na cidade de Itagi, no estado da Bahia, a 15 de janeiro de 1933, iniciou-se na capoeira pelos ensinamentos de Mestre Pastinha, já percorreu vários países, divulgando a sua arte e a obra de seu Mestre, hoje também considerado um dos mestres mais importantes da capoeira.
João Pequeno (João Pereira dos Santos), nasceu na cidade de Araci, Bahia, em 27 de dezembro de 1917, discípulo de Mestre Pastinha, teve seu primeiro contato com a capoeira por intermédio de Barbosa e de Juvencio, hoje também muito procurado por alunos, do Brasil e do exterior, como uma das referências vivas da capoeira.

By. Sérginho

SAIBA MAIS

Muitos estudos têm sido dedicado  à investigação das origens da capoeira: seria ela uma criação brasileira ou africana? Pesquisadores, historiadores e folcloristas, em sua busca pela resposta, tendem para hipótese brasileira, em virtude de alguns fatores. No livro do padre José de Anchieta, A ARTE DA GRAMÁTICA DA LÍNGUA MAIS USADA NA COSTA DO BRASIL, editado em 1595, há uma citação de que “os índios tupi-guaranis divertiam-se jogando capoeira”. Guilherme de Almeida, no livro “Música no Brasil”, sustenta serem indígenas as raízes da capoeira. Martim Afonso de Souza, navegador português, teria observado tribos jogando capoeira. A palavra capoeira (caá + puéra) é um vocábulo tupi-guarani que significa “mato ralo ou mato que foi cortado, extinto”.
O professor Câmara Cascudo aponta as raízes da nossa capoeira na dança africana N’golo, praticada anualmente no Sul de Angola, é um ritual de passagem da adolescência para a puberdade, onde os rapazes na África, lutam entre si aos pares, numa forma de competição física constituída de coices e narradas, como as das zebras, chamadas N’golo, ou dança da zebra. Apontam-se características nessa dança que a identificam com a nossa capoeira em sua forma primitiva.
Em trabalho publicado pela Xerox do Brasil, o professor austríaco Gerhard Kubic, antropólogo e membro da Associação Mundial de Folclore, conhecedor de assuntos africanos, diz estranhar “que o brasileiro chame capoeira de Angola, quando ali não existe nada semelhante”.
Também defendendo a tese de que a capoeira foi criada no Brasil pelos negros africanos está o estudioso Waldeloir do Rego, autor do trabalho Ensaio Sócio-Etnográfico da Capoeira de Angola.
Antenor Nascentes diz que a luta da capoeira está ligada à ave URU (odontophorus capueira-spiz), cujo macho é muito ciumento e trava lutas violentas com o rival que ousa entrar em seus domínios (movimentos da luta se assemelham aos da capoeira).
Édson Carneiro, em Religiões Negras, afirma que o folclore regional, está fortemente impregnado de elementos bantos- os cucumbis, o samba, a capoeira, o batuque, os ranchos de boi alegando ainda que, inicialmente, a capoeira era praticada entre os angolas, não como meio de defesa, mas como dança religiosa. Haja vista que hoje, na Bahia, a luta entre os capoeiras nas roda
Em vista dessas considerações e pelo fato de não haver, no continente africano e nos outros países influenciados pela raça negra, nada parecido com a capoeira, pode-se concluir, que ela foi criada em solo brasileiro, pelos s é procedida de um verdadeiro ritual, com cânticos e músicas de berimbau, chocalhos e pandeiros. Essa prática desenvolvia neles uma incrível agilidade. negros africanos.
No século XVII, quando se verificaram as invasões holandesas, aproveitando-se da confusão que se estabelecera, milhares de escravos começaram a fugir de seus senhores, agrupando-se nas fraldas da Serra da Barriga, no Estado de Alagoas. Em pouco tempo o número de fugitivos, em sua  maioria negros angolas, para os quais o cativeiro se mostrava mais penoso por sua índole refratária ao trabalho, atingia vinte mil; construíram, então, uma república, conhecida pelo nome de Quilombo dos Palmares (1602-1694- denomina-se quilombo às barracas em antros construídos às pressas, quase cobertos de palmeiras. O nome Palmares vem da abundância de palmeiras de pindoba- Palma attalea pindoba). Dentre todos, foi escolhido como chefe dessa república o negro Zumbi.
Os negros faziam incursões às fazendas e povoados mais próximos, onde cometiam grandes depredações vingando-se, das afrontas e maus tratos sofridos de seus antigos senhores. Como o perigo crescesse, foram feitas várias incursões a Palmares para exterminá-los. Embora com armas primitivas, quase todas improvisadas, os negros derrotaram sucessivamente várias expedições. Os números  variam, o fato é que somente 17 delas podem ser positivamente confirmadas e identificadas pelo nome e seus comandantes.
Em 1694, depois de quase um século de tentativas, o maior quilombo das Américas chegou ao fim.. Sob o comando do paulista Domingos Jorge Velho com mais de 7.000 homens bem armados e equipados, dirigiu-se à Serra da Barriga, onde iniciou os primeiros combates com os negros. Os soldados tinham ordens de capturar os negros vivos, mas isso era quase impossível. Domingos Jorge Velho conseguiu dominar Palmares, conquistando suas terras, mas aprisionando um número tão reduzido de escravos que não chegou a compensar as grandes baixas sofridas. Muitos negros preferiram o suicídio a voltar à escravidão antiga.
Com a extinção de Palmares, a capoeiragem saiu das capoeiras, já agora nitidamente como recurso de ataque e defesa, e nela foram os homens se exercitando, recebendo ensinamentos daqueles que a tinham visto e praticado. Santos Porto nos diz que “o cria da casa não perdia ocasião de ensinar ao sinhô moço como se dava uma rasteira ou se fugia com o corpo”.
Em 1888 aboliu-se a escravidão no Brasil e já em 1890, no Código Penal da República, a capoeira foi colocada fora  da lei:
Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação de capoeiragem acarretava pena de prisão celular de dois a seis meses; sendo circunstância agravante permanecer em alguma malta ou bando, aos chefes ou cabeças seria imposta pena em dobro; os reincidentes poderiam ter uma pena de até três anos; se o capoeira fosse estrangeiro, deveria ser deportado após cumprir a pena.
Pouco mais tarde um decreto autorizava a instituição de colônias correcionais agrícolas para a correção, pelo trabalho, dos vadios, vagabundos e capoeiras.
Para bem entendermos este período de marginalidade, que irá durar até a década de 1930, quando começa a ser ensinada e praticada nas academias, é necessário distinguir a trajetória carioca da baiana e da pernambucana.

By. Sérginho