sexta-feira, 27 de maio de 2011

CAPOEIRAS FAMOSOS

No Brasil, os grandes focos de capoeiristas sempre estiveram em Pernambuco, no Rio de Janeiro e na Bahia. Em Pernambuco, a imprensa da época gastou  colunas e mais colunas em torno das atividades delinqüentes dos que faziam uso do jogo da capoeira. De todos esses, o mais conhecido foi o famosos Nascimento Grande, de quem infelizmente não se tem maiores notícias.
No Rio de Janeiro, a imprensa local da época, livros de contos, romances, crônicas e histórias estão cheios das façanhas dos capoeiras. Melo de Moraes, que viveu na época dos grandes capoeiras, se refere a Mamede, Chico Carne-Seca, Quebra-côco, Natividade, Maneta, Aleixo Açougueiro e o terribilíssimo Manduca da Praia, por todos comentado. Sobre esse capoeira, a quem conheceu pessoalmente, diz Melo Moraes: “Conhecido por toda a população fluminense, considerado como homem de negócio, temido como capoeira célebre, eleitor crônico da freguesia de São José, respondeu por 27 processos por ferimentos leves e graves, saindo absolvido em todos eles pela sua influência pessoal e dos seus amigos”.  
Valente também foi um negro capoeirista conhecido por Ciríaco (Francisco da Silva Ciríaco), falecido no Rio de Janeiro a 19 de maio de 1912, que de certa feita no Pavilhão Pascoal Secreto, batendo-se com o campeão japonês de jiu-jitsu, Sada Maiko, de um só golpe de capoeira, derrotou-o por completo, ficando como um ídolo na memória do povo.
Na Bahia, a história dos grandes capoeiristas vive na imaginação popular e nas cantigas cantadas por eles, narrando as suas façanhas.
Dentre todos, o que permanece na memória dos capoeiristas, em virtude das suas atividades periculosas é Besouro (Manoel Henrique), também conhecido por Besouro Cordão de Ouro, Besouro Mangangá. Um dos seus discípulos aqui em Salvador, Cobrinha Verde (Rafael Alves França) informa ter sido ele filho de João Grosso e Maria Haifa, bem como discípulo do capoeirista escravo chamado Tio Alípio. O nome lhe veio da crença, de muitos que diziam que quando ele entrava em alguma embrulhada e o número de inimigos era grande demais, sendo impossível vence-los, então ele se transformava em besouro e saía voando. Certa vez estava sem trabalho e foi procurar um ganha pão. Foi à Usina Colônia, hoje Santa Elisa. Deram-lhe trabalho. Trabalhou uma semana.
Quando foi no dia do pagamento ele sabia que o patrão tinha o hábito de chamar o trabalhador uma vez, e na segunda dizia: “quebrou para São Caetano”, que quer dizer: não recebe mais; e se o fulano reclamasse era chicoteado e ficava preso no tronco de madeira com o pescoço, os braços e as pernas no tronco, por um dia e depois era mandado embora; no dia do pagamento, deixou que o patrão o chamasse duas vezes sem responder. O patrão disse: o seu quebrou para São Caetano. Todos receberam o dinheiro, menos Besouro.
Besouro invadiu então a casa do homem, pegou-lhe no cavanhaque e gritou: Pague o dinheiro de Besouro Cordão de Ouro! Paga ou não paga? O patrão, com a voz tremula, mandou que pagassem o dinheiro daquele homem e o mandassem embora. Besouro tomou o dinheiro e caminhou.
Passados uns tempos, depois de muitas brigas, Besouro foi empregar-se de vaqueiro na fazenda de um senhor de nome Dr. Zeca. Este homem tinha um filho de nome Meneu que era muito genioso. Ele teve uma discussão com Besouro. O fazendeiro tinha um amigo que era administrador da Usina de Maracangalha, de nome Baltazar. Besouro não sabia ler, então mandaram uma carta para o Baltazar, pelo próprio Besouro, pedindo ao administrador que desse fim dele por lá mesmo. Baltazar recebeu a carta, leu, e disse a Besouro que aguardasse a resposta até o dia seguinte. Besouro passou a noite por lá; no outro dia foi buscar a resposta. Quando chegou na porta foi cercado por uns 40 homens, que o iam matar. As balas nada lhe fizeram; um homem o feriu à traição, com uma faca de tucum (faca de difícil cicatrização ). Foi como o conseguiram matar.
Muito conhecido dos capoeiristas da Bahia foram Pedro Miniero, Chico da Barra, Antônio Maré, Zé Bom Pé, Sete Mortes, Aberrê, Hilário Chapeleiro, Doze Homens e Siri do Mangue. Pedro Porreta ficou como símbolo da desordem, da valentia. Samuel Querido de Deus foi um grande capoeirista, cuja lembrança permanece na memória de todos os baianos.
Canjiquinha (Washington Bruno da Silva)  nasceu em Salvador a 25 de setembro de 1925. Foi discípulo do famoso capoeirista Raimundo Aberrê, natural de Santo Amaro da Purificação. A respeito de seu apelido, explica que foi posto por um amigo seu de nome Dalton Barros, em 1938, devido ao samba-batuque de Roberto Martins, Canjiquinha quente, cantado por Carmem Miranda, o qual era a única coisa que sabia cantar e o fazia constantemente, por isso seu amigo tomou a iniciativa do apelido.
Foi um dos capoeiristas antigos mais convidado para exibições, viagens pelo interior e fora do estado, assim como o que mais atuou no cinema, em longa e curta metragens.
Gato (José Gabriel Goes) nasceu em Santo Amaro da Purificação, a 19 de março de 1929. Aprendeu desde criança a jogar capoeira com seu pai Eutíquio Lúcio Chagas, capoeirista famoso em Santo Amaro da Purificação. Foi um dos mestres de capoeira a integrar a delegação brasileira no Premier Festival
Internacional des Arts Negres, de Dakar.
Cobrinha Verde ( Rafael Alves Frabça );
Traíra (João Ramos do Nascimento );
Waldemar da Paixão, a sua fama corre paralela à de Mestre Pastinha e Mestre Bimba.
Possuía academia de capoeira na Estrada da Liberdade.
João Grande ( João Oliveira dos Santos), nascido na cidade de Itagi, no estado da Bahia, a 15 de janeiro de 1933, iniciou-se na capoeira pelos ensinamentos de Mestre Pastinha, já percorreu vários países, divulgando a sua arte e a obra de seu Mestre, hoje também considerado um dos mestres mais importantes da capoeira.
João Pequeno (João Pereira dos Santos), nasceu na cidade de Araci, Bahia, em 27 de dezembro de 1917, discípulo de Mestre Pastinha, teve seu primeiro contato com a capoeira por intermédio de Barbosa e de Juvencio, hoje também muito procurado por alunos, do Brasil e do exterior, como uma das referências vivas da capoeira.

By. Sérginho

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