segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

VERGA DE BIRIBA

Oi verga de biriba
Pra fazer meu berimbau
Verga de Biriba
No toque da regional.
Da Biriba eu tiro gunga
Tiro um médio e uma viola
Pra tocar São Bento Grande
São Bento Grande de Angola. [
CORO
O gunga faz a chamada,
O médio faz a dobra.
Ai meu Deus como viajo
No repique da viola.
CORO
Oi no toque da benguela
São Bento da regional
Criado por Mestre Bimba
Da nossa arte marcial.
CORO
Waldemar da liberdade
Do arco íris musical
Usava verga de Biriba
Pra fazer seu Berimbau
CORO
Seu Pastinha na angola
Seu Bimba na regional
Todos dois usou biriba
Pra fazer seus Berimbaus
CORO
Oi São Bento me ajuda
São Bento me ajudou.
Berimbau já deu chamada
Oi pro jogo eu já vou
CORO


Post. By Soneca

MEU BERIMBAU

Meu berimbau é uma beleza,
Foi na mata que eu encontrei  assim
Madeira lisa que não dá caroço
Madeira boa que não dá cupim
Meu berimbau toca um lamento
Toca saudade e também toca dor
Toca no peito e no meu sentimento
Meu berimbau veio falar de amor!
Coro


Meu berimbau comanda a roda
Sempre em boa harmonia
Na cabaça, um arame e um pedaço de pau
Meu berimbau toca alegria

Coro

Post. By Soneca

POR FAVOR NÃO MALTRATE ESSE NEGO

Por favor não maltrate esse nego
Esse nego foi quem me ensinou
Esse nego da calça rasgada, camisa furada
Ele é meu professor
Por favor não maltrate esse nego
Esse nego foi quem me ensinou
Esse nego da calça rasgada, camisa furada
Ele é meu professor

Post, By soneca

SINHÁ MANDOU CHAMAR

Sinhá mandou chamar
Sinhá mandou dizer
(Que) se o nego não vir/vim, vai apanhar
Mas nego não quer saber (Sinhá mandou chamar)
Sinhá mandou chamar
Sinhá mandou dizer

(Que) se o nego não vir/vim, vai apanhar
Mas nego não quer saber
Negro não quer saber
Se vai pro tronco de madeira
Pois o negro esquece tudo
Quando está na capoeira (Sinhá mandou chamar)
Coro
Antigamente
Era assim que acontecia
Se o negro não obedecesse
O capitão lhe prendia
Prá bater na covardia (Sinhá mandou chamar)
Coro
Hoje em dia é diferente
Com a abolição da escravatura
A corda que amarrou o negro
Hoje trago na cintura (Sinhá mandou chamar)
Coro
A dor era tanta
De ferir o coração
Pois sabia que o castigo
Quem lhe dava era o irmão (Sinhá mandou chamar)
Coro


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TA NA HORA DE JOGAR

Ta na hora de jogar
Vamos lá vadiar
Ta na hora de jogar
Vamos lá vadiar

Eu vou, eu vou
Vou vadiar
Eu vou, eu vou
Vou vadiar
Quando chega a hora
Para mim é uma alegria
Eu pego no berimbau
E começo a cantoria
Coro
Berimbau me convidou
Eu não posso recusar
Benzo logo meu corpo
E entro para jogar
Coro
A roda passou do meio
Berimbau falou assim
O jogo termina agora
Mas a capoeira não tem fim
Coro
Pra quem vive capoeira
Quando o berimbau desarma
Dá uma tristeza no espírito
E os olhos enchendo d’água
Coro


Post. By Soneca

MALANDRAGEM

Malandragem só sai daqui
Quando essa roda acabar
Se o meu mestre disser “Iê”
Ou se Cavalaria tocar
Capoeira é antiga arte
Foi o negro inventando
Me diga quem é brasileiro
E não tem um pouco de malandro
Malandragem...

Oi malandro, é malandro

Capoeira
Ê (Oi) malandro, é malandro

Na Bahia
Ê malandro, é malandro

Na ladeira
Ê malandro, é malandro

Malandragem
Ê malandro, é malandro

Na cultura
Ê malandro, é malandro

Negro canta
Ê malandro, é malandro

Joga e pula
Ê malandro, é malandro

Ê, finge que vai mas não vai
Bicho vem e eu me faço de morto
Mas se a coisa apertar
Pra Deus eu peço socorro
Entro e saio sem me machucar
Subo e desço sem escorregar
Vou louvando o criador da mandinga
O malandro que inventou a ginga
Malandragem...
Coro
O sol vai chão esquentar,
Calma moça, chuva vem esfriar,
Expressão do rosto da menina
Ao saber que essa é a minha sina
Coro
Bato forte não devagar,
Cuidado quando se levantar,
Berimbau já fez sua cantiga,
Coração me impulsa pra cima 
Malandragem...
Coro



By: Soneca

CAPOEIRA EU NÃO SOU DAQUI

Capoeira eu não sou daqui,
Eu sou de outro lugar
Minha vida é a capoeira,
Eu vou onde berimbau chamar
Capoeira eu não sou daqui,
Eu sou de outro lugar

Minha vida é a capoeira, Eu vou onde berimbau chamar


Na mão levo o meu berimbau
No peito meus fundamentos
Quem comanda o jogo da vida
É força dos meus pensamentos
CoroO meu pensamento é nela
No meu peito ela palpita
Quando eu vejo uma roda
O meu corpo se arrepia
CoroOuço a voz do berimbau
Treinando consigo ver
Capoeira é minha vida
Sem ela não sei viver
Coro
Capoeira é harmonia
É saudade de quem nos deixou
É um choro de uma viola
A lamento de um cantador
Coro
A saudade caminha comigo
Quem tem seu mestre de seu valor
A falta que faz o amigo
O mestre, um irmão, o professor
Coro


Post. By Soneca

A MARÉ A MARÉ ME LEVA AO CÉU

A maré a maré me leva ao céu
A maré a maré me leva ao céu
A maré a maré me leva ao céu
A maré a maré me leva ao céu
A jangada me leva
Pra outro lugar
Eu não sei onde eu vou
Nas ondas do mar (a maré)
Coro
O chicote me corta
Me faz chorar
Eu não quero mais isso
Eu vou la pro mar (a maré)
Coro
Vou me embora da terra
Eu vou pro mar
No navio negreiro
Reza Iemanjá (a maré)
Coro
Eu perdi a ração
De meu sofrimento
Por que a escravidão
Não tem fundamento (a maré)
Coro

Post. By Soneca

VADIAÇÃO

Chama iôiô
Chama iáiá
Berimbau me chama eu vou
Vadiar
Chama iôiô
Chama iáiá
Berimbau me chama eu vou
Vadiar
Não adianta
Tu tentar me segurar
Corrente já foi quebrada
E hoje eu quero é vadiar
Coro
Dizia a lei
É proibido vadiar
Mas eu sentia no peito
A vontade de jogar
Coro
Andei, vaguei,
Sem saber no que pensar
Sempre fui trabalhador
Mas também capoeira
Coro
De tocar meu berimbau
E uma cantiga levar
Mostrando meus sentimentos
Sem ninguém prejudicar
Coro
O bem e o mal
Nunca andaram de mãos dadas
Não escolhem preto nem branco
Ao findar esta jornada
Coro



Post. By Soneca

VENTO QUE BALANÇA CANA NO CANAVIAL

Vento que balança cana no canavial
Vento que balança cana no canavial
(Olha o vento)
Vento que balança cana no canavial
Vento que balança cana no canavial
Na varanda da casa grande
Coronel descansava na rede
O escravo no canavial
Morria de fome e de sede (Olha o vento)
Coro
Na capela da fazenda
Sinha moça ia se confessar
Coberta com manto de renda
A joelhada no pé do altar (Olha o vento)
Coro
Sinhorinho no terreiro
Maltratava o erê
A mucamba na cozinha
Lamentava por nada fazer (Olha o vento)
Coro
Capataz atordoado
A noite galopava em desespero
Uma família de escravo
Havia fugido do cativeiro (Olha o vento, olha o vento)
Coro


Post. By: Soneca

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

MESTRE BIMBA


A VIDA
Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado) filho de Luiz Cândido Machado e Maria Martinha do Bonfim,  nasceu no bairro de Engenho Velho, freguesia de brotas, Salvador Bahia em 23 de novembro de 1900. Recebeu esse apelido devido a uma aposta que sua mãe fez com a parteira que o " aparou " .  Ao contrário do que a  Mãe achava, a parteira disse que iria nascer um menino, se fosse receberia o apelido de "Bimba" pôr se tratar, na Bahia, de um nome popular do órgão sexual masculino.

A PRÁTICA
Começou a praticar capoeira aos 12 anos de idade na estrada das Boiadas, hoje o Bairro Negro da Liberdade, com o africano Bentinho, capitão da navegação Baiana. Foi estivador durante 14 anos e começou a ensinar capoeira  aos 18 anos de idade no Bairro onde nasceu no "Clube União em Apuros". Até 1918 não existia academias como hoje e treinava-se nas esquinas, nas portas dos armazéns e até no meio do mato.

O SURGIMENTO DA REGIONAL
Consideramos ineficaz e muito folclorizada a capoeira da época, devido ao fato de os movimentos eram extremamente disfarçados, mestre Bimba resolveu desenvolver um estilo de capoeira mais eficiente, inspirando-se no antigo "Batuque" (luta na qual seu pai era um grande lutador, considerado até um campeão) e acrescentando a sua própria criatividade, introduziu movimentos que ele julgava necessário para que a capoeira fosse mais eficaz. Então em 1928, mestre Bimba criou o que ele denominou "Capoeira Regional Baiana" por ser esta praticada única e exclusivamente em Salvador.

O RECONHECIMENTO DA CAPOEIRA NO BRASIL
A partir da década de 30, com a implantação do Estado Novo, o Brasil atravessou uma fase  de grandes transformações políticas e culturais, onde os ideais nacionalistas e de modernização  ficaram em evidência.Nesse contexto, surge a oportunidade de Mestre Bimba fazer com que o seu novo estilo de capoeira alcançasse as classes sociais mais privilegiadas. Em 1936 fez a 1º apresentação  do trabalho e no  ano seguinte foi  convidado pelo governador da Bahia,o General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação do palácio do governador onde estavam presentes autoridades e convidados, inclusive o presidente da época que gostou muito da apresentação.
Dessa forma a capoeira é reconhecida como"Esporte Nacional" Mestre Bimba foi reconhecido pela Sec. Ed. Ass. Pública ao estado da Bahia como Professor de Educação física e sua academia foi a 1ª no Brasil reconhecida por Lei.

A DIFERENÇA
 O que faz com que Mestre Bimba se destacasse do demais capoeiristas de sua época, é que ele foi o  1º  a  desenvolver um sistema de ensino e a ensinar em recinto fechado. Além desse sistema , ele elaborou  técnicas  de  defesa Pessoal até mesmo  contra armas . Mestre Bimba preocupava-se demais com a imagem da  Capoeira, não permitindo  treinar  em sua academia aqueles que não trabalhavam nem estudavam.

A MORTE
Em 1973, Mestre Bimba, por motivos financeiros, deixou a Bahia, sob acusação de que os "Poderes Públicos" Jamais haviam o ajudado. Faleceu em Fevereiro de 1974 em Goiânia, vítima de um derrame cerebral.

ANTIGO MÉTODO DE TREINAMENTO DE BIMBA
Mestre Bimba desenvolveu o 1º método de ensino que vemos a seguir como ele funcionava:
• Exame de admissão
Dizia-se que em outros tempos, Mestre Bimba aplicava uma "Gravata" no pescoço do indivíduo que quisesse treinar e dizia "Agüenta ai sem chiar", Se agüentasse o tempo que ele mesmo determinava estaria matriculado. Mestre Bimba justificava esse critério dizendo que só queria macho em sua academia. Mais tarde mudou os critérios, Submetendo oCandidato a fazer alguns movimentos para que ele pudesse avaliar se o pretendente tinha condição ou não para praticar a capoeira regional. A próxima fase seria aprender a "Seqüência de Ensino".
• O Aprendizado
O aluno nesse fase aprendia o que se chamava "Seqüência de Ensino" que eram as oito seqüências de movimentos de ataque, esquivas e contra ataque destinadas somente aos iniciantes, simulando as situações mais comuns que o aluno enfrentaria durante o jogo de capoeira.

OBSERVAÇÃO:
Esse foi o 1º método de ensino criado para ensinas alguém a jogar capoeira e o calouro treinava essas seqüências em  duplas sem o acompanhamento dos instrumentos. Quando estas estivessem bem decoradas o Mestre dizia: "Amanha você vai entrar no aço, no aço do Berimbau".
Era comum naquele tempo dizerem que o capoeirista quando agarrado, não tinha como  reagir.  Então mestre Bimba, com sua criatividade ensinava seus alunos quais eram as melhores saídas.Todos esses ensinamentos faziam com que o método de mestre Bimba fosse incomparável e esse treinamento durava cerca de 3 meses só então é que o aluno seria batizado.

O BATIZADO
O batizado era quando o aluno jogava pela 1ª vez na roda com o acompanhamento dos instrumentos que era formado por 1 berimbau e 2 pandeiros. O mestre escolhia o formado que jogaria com o calouro e então tocava o toque que caracteriza a capoeira regional, para isso o calouro era colocado no centro da roda para que o formado ou o próprio mestre desse um apelido a ele. Escolhido o "nome de guerra" todos aplaudiam e então o mestre mandava o calouro pedir a  "Benção" do padrinho, e ao estender a mão para o formado que o batizou, receberia uma "Benção"(Golpe frontal dado com a parte inferior do pé empurrando o adversário na altura do peito) que o jogava no chão.
Era necessários pelo menos, 6 meses de treino para se formar na Capoeira Regional. O exame era realizado em 4 domingos seguidos, no Nordeste de Amaralina, academia do mestre, os alunos a serem examinados eram escolhidos por ele. Durante 4 dias os alunos eram submetidos a algumas situações onde teriam que mostrar os valores adquiridos durante a fase de aprendizado, como por exemplo: força, reflexo, flexibilidade e etc. No último domingo é que o mestre dizia quem havia sido aprovado e então ensinava novos golpes e também marcava o dia da formatura.

A FORMATURA
A cerimônia iniciava com uma roda de formados antigos para que as madrinhas e os convidados pudessem ver o que era a Capoeira Regional. Mestre Bimba ficava ao lado do som, que era formado por 1 Berimbau e 2 pandeiros, comandando a roda e cantando as músicas características da Regional.
Terminada a roda, o mestre chamava o orador que geralmente era um formado mais antigo para falar um breve histórico da Capoeira Regional e do mestre.
Após o histórico, o mestre entregava as medalhas aos paraninfos e os lenços azuis (Graduação dos Formados) as madrinhas.O paraninfos colocava a medalha ao lado esquerdo do peito do Formado e as madrinhas colocavam os lenços nos pescoços dos seus respectivos afilhados. A partir dai os formados demonstravam alguns movimentos a pedido do mestre para mostrar a sua competência, incluindo os movimentos de "cintura desprezada", "jogo de floreio" e o "escrete" que era o jogo combinado com o uso dos Balões.
Para terminar, chegava a hora do "Tira-medalha" onde o recém formado jogava com um formado antigo que tentava tirar a sua medalha com qualquer golpe aplicado com o pé. Só então depois de passar por isso tudo é que o aluno poderia se considerar aluno formado de mestre Bimba, tendo direito até de jogar na roda quando o mestre estivesse tocando Iuna que é o toque (onde quem joga hoje são só os mestres) criado por ele para esse fim. A partir dai só restava o curso de especialização que veremos a seguir.

O CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
Tinha duração de 3 meses, sendo 2 na academia e 1 nas matas da Chapada do Rio Vermelho Tratava-se de um treinamento de guerrilha, onde aconteciam as emboscadas, armadilhas e etc., que consistia em submeter o formado a situações das mais difíceis, desde defender-se de 3 ou mais Capoeiristas, até defender-se de armas. Terminado o curso, o mestre fazia a mesma festa para os novos especializados, e estes recebiam o lenço vermelho a cor que representava a nova graduação. O aluno que se formava ou se especializava, tinha a o dever de pendurar um quadro com a foto mestre, do padrinho, do orador, e a própria foto.

CONCLUSÃO
Mestre Bimba realmente foi o grande "propulsor" da Capoeira no Brasil mas , muitos dos Métodos citados acima não são mais usados na verdade grande parte deles nao existe mais a muito tempo mas, foram muitos úteis. Para nós Capoeiristas só resta dizer: Muito obrigado ao Mestre Bimba !
By: Soneca

Mestre Pastinha


Vicente Joaquim Ferreira Pastinha
(Salvador, 5 de abril de 1889 — Salvador, 13 de novembro de 1981), foi um dos principais mestres de Capoeira da história.

Mais conhecido por Mestre Pastinha, nascido em 1889 dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no 'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida: "Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.
"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor. "Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."
Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade "tradicional" do esporte no Brasil.
Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.
Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965, publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.
Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972). Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Morreu aos 93 anos.
Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de 1981. Durante décadas dedicou-se ao ensino da Capoeira. Mesmo completamente cego, não deixava seus discípulos. E continua vivo nos capoeiras, nas rodas, nas cantigas, no jogo. "Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento:
"Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."
By: SONECA

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

DICIONÁRIO DE CAPOEIRA

Bará - qualidade de Exu, deus nagô, mensageiro entre os demais deuses e o homem.
Baraúna - arvore de grande porte. É termo tupi de ybiráuna, a madeira preta.

Camará - corrurtela de camarada. Nas cantigas tem a acepção de companheiro.
Camboatá - um tipo de peixe pequeno que vive em água doce. Ou, segundo Teodoro Sampaio, "o que anda pelo mato".
Dendê - planta da família das palmáceas, conhecida por dendezeiro. O dendê foi trazido para o brasil pelos negros africanos. Para Alexandre da Silva Corrêa, os negros usavam dele para untar o corpo, ficar com a pele macia e lustrosa. "Os armadores de escravos, os fazem embar com eles (dendês); assim para temperar-lhe a escabrosidade das jasnas".
Lambaio - bajulador, adulador
Lampião - nome próprio de Virgulino Ferreira da Silva, famoso cangaceiro do nordeste do Brasil.Senzala - local onde morava a escravaria, sob o comando de um senhor.
Sinhá - corrutela de senhora.
Sinhô - corrutela de senhor
Yayá - diminutivo de sinha, corrutela de senhora.
Yoyô - diminutivo de sinhô, corrutela de senhor.
Piaba - capoeira sem valor
Sardinha - navalha
Arriar - deixar de praticar a capoeiragem
Tungar - ferir o inimigo
Carrapeta - pequeno, esperto, audacioso
Calentar - corruela de acalentar. Em algumas cantigas: "fazer calar uma criança".
Palácio de cristal - detençãoMandiguero - corrutela de mandingueiro. Deriva de mandinga, feitiço, bruxaria.
Mangangá - designa um inseto da classe dos dípteros.Loiá - contração de lá oiá, corrutela de lá olhar.
Luanda - nome de uma cidade africana e capital de Angola. 
Besôro - s. m. 1. Corruptela de besouro. A maioria dos lingüistas considera desconhecida a origem do termo. Designação comum aos insetos coleópteros. 2. Na capoeira, geralmente é nome próprio personativo, designando o capoeirista Manuel Henrique, conhecido como Besouro Cordão de Ouro, ou Besouro Mangangá, um dos heróis míticos da capoeira.
urumbumba - s. m. Uma das denominações do berimbau, registrada por Fernando Ortiz, que tem trabalhos extraordinários sobre a etnografia afro-cubana. Ortiz fornece-nos uma informação valiosa: a do uso do berimbau nas práticas religiosas afro-cubanas, coisa que não se tem notícia de outrora se fazer no Brasil, e nem tampouco em nossos dias, a não ser nas práticas religiosas de após o último Concílio Ecumênico, com o surgimento de missas regionais, como a conhecida pelo nome de Missa do Morro e outras, onde o berimbau, juntamente com outros instrumentos africanos, tem papel importante.
Axé - s. m. 1. Cada um dos objetos sagrados do orixá - pedras, ferros, recipientes, etc. - que ficam no peji das casas de candomblé. 2. Alicerce mágico da casa do candomblé. 3. Axé designa em nagô a força invisível, a força mágico-sagrada de toda divindade, de todo ser animado, de todas as coisas. Corresponde, grosso modo, à noção tão cara aos antropólogos, de mana. É a força sagrada, divina, que todavia não pode existir fora dos objetos concretos em que se encontra, de tal modo que a erva que cura é axé, e que o alimento dos sacrifícios é também axé.
"Baiana" - (gíria antiga, transcrita em 1886 por Plácido de Abreu) s. f. Joelhada que se dá depois de se haver saracoteado para tapear o inimigo


BY: SONECA

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

TREINOS .

HORÁRIOS DE AULAS:
Segundas e Quartas, das 20:30 às 22:00
Local: Rua Professor Artur Primavesi
Prox: Av. Padre Arlindo Vieira 
Céu Parque Bristol (São Paulo - SP)

Sábados e Domingos, das 10:30 às 14:00
Local: Rua Dr. Nestor Alberto de Macedo
Prox: Rua Dom Vilares e Avenida do Cursino 
EE. Júlio Ribeiro (São Paulo - SP)

CONTATOS:

E-mail: engenhonovocapoeira@yahoo.com.br
MSN: engenhonovocapoeira@hotmail.com

Toques do Berimbau

O Toque de Angola assim como o toque de São Bento Pequeno são frequentemente usados para acompanhar o canto da ladainha e o canto de entrada, podendo também serem usados para acompanhar o canto corrido, quando os dois capoeristas vão jogar lentamente.


O Toque de São Bento Grande é muito importante, pois acompanha qualquer tipo de jogo, da a oportunidade dos jogadores mostrar suas habilidades e seus reflexos rápidos,  além de ser ideal para o acompanhamento dos toques corridos.


O Toque de Iuna, é o toque ritual, pois , só é admitido sua execução quando dois capoeristas experientes, geralmente mestres, vão "vadiar", exigindo uma perfeita coordenação dos movimentos que só é adquiida depois de muitos anos na prática da capoeiragem.


  Toque de Cavalaria é um toque de aviso e não para ser usado em jogo de capoeira, antigamente, quando os capoeristas eram perseguidos, criou-se o Esquadrão de Cavalaria de Guarda Nacional que teve, numa determinada época , como incumbência maior, combatê-los. Daí originou o Toque de Cavalaria. Um capoerista ficava com um berimbau em uma colina ou numa esquina, um pouco distante de onde formava-se a roda de capoeira e, quando a Cavalaria da Guarda Nacional aproximava-se , o capoerista que estava vigiando dava início ao Toque do mesmo nome, avisando aos camaradas que fugiam ou então se preparavam para enfrenta-los em violentas batalhas.


O Toque de Samba de Angola só é usado para a execução do samba de roda e do samba duro. No samba de roda, enquanto os instrumentos tocam, o povo dança ,à maneira dos africanos , aos pares ou em grupo. No samba duro, que só é permitido para homens, enquanto sambam aplicam rasteiras entre si.


O Toque de Apanha Laranja no chão tico-tico, nas festas de Santa Bárbara, era usado para o "torneio" que consistia no seguinte: dois capoeristas exibiam-se tentando apanhar com a boca um lenço branco que era jogado no meio da roda, consagrando-se vencedor, aquele que o apanhava O referido toque é acompanhado da melodia do mesmo nome, que originou-se deu uma brincadeira de roda, muito conhecida em rodas que tem a presença de mestres antigos que botam uma cédula no meio da roda e começam a jogar em busca dela.


Os Toques de Santa Maria, Jogo de Dentro (Amazonas) e Samongo (Samanto) são usados de preferencia em cantos corridos e é utilizado o jogo de dentro.


O Toque de Benguela era usado para acompanhar o "jogo de faca" hoje extinto era um determinado jogo de capoeira onde um ou dois capoeristas empunhavam uma faca , lutavam ou simulavam uma briga entre si.
Hoje em dia, é conhecido também por Capoeira Contemporânea no qual a maneira de se Jogar é em cima e em baixo, onde dá mais flexíbilidade para um jogo calculado tanto em cima quanto embaixo.


By: Soneca

CURIOSIDADES

1. Urucungo significa berimbau em angolês.

2. A luta de Bimba que demorou mais tempo durou um minuto e dois segundos.

3. Em 1908, quando D. João VI chegou ao Brasil, a capoeira serviu de instrumento nas mãos dos políticos.
Os capoeiristas eram contratados pelos políticos para bagunçar no dia das eleições. Enquanto as pessoas desviavam a atenção para a confusão dos capoeiras um indivíduo colocava um maço de chapas na urna ou na linguagem da época "emprenhava a urna". Vencia as eleições o candidato que dispunha de maior número de capoeiras.

4. Existe um conto no leste e norte da África sobre a origem do berimbau. Diz que uma menina passeando parou num rio para beber água, quando um homem veio por trás e deu-lhe uma forte pancada na nuca. Ao morrer, transformou-se num arco musical. Sou corpo converteu-se na madeira, seus membros na corda, sua cabeça na caixa de ressonância e seu espírito na música.

5. Canjiquinha foi o criador da Festa de Arromba, jogada nas festas de Largo da Bahia. Nessas comemorações vários capoeiristas se reuniam e jogavam em troca de dinheiro e bebida.

By: Soneca

Fique Por Dentro

Raízes africanas 
A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas. 


No Brasil 
Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.

Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.

A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.

Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.

By: Soneca